sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Elevações no condomínio


Hoje escrevo-lhe a si, caro condómino a propósito do elevador e outras obras do condomínio

Confesso-me roída de curiosidade de ver arribar o elevador de (Santo André) desde as escarpas da Calçada Alta, até ao Mercado Municipal; uma viagem grandiosa que deve fazer sorrir os paisanos de tão desconcertante utilidade paisagística, ou outra, que a minha humilde inteligência ainda não conseguiu vislumbrar. Dizem que fica mais em conta que o putativo teleférico, que não passou d’um tiro de fantasia do patrono.
No fundo, no fundo, são mais uns tostõezitos do erário público para o bem da plebe, coisas insignificantes, que dão brilho à obra de fachada, onde o vazio é a matéria-prima.

Pois é, enquanto a vizinhança vai assobiando pró lado, pastando por aí em divertidos oratórios, para entretenimento do índigena, com privatizações da água e outras merdas sem relevância alguma; a par disso, dizia eu, os zelosos guardiães da coisa pública, vão desembaraçando o novelo do condomínio pela superfície das coisas, com elevadores, pontes pedonais, e outras tantas tretas erigidas em torno duma monumentalidade patética, sem custos para o utilizador. Maibom!

Claro, caro condómino, que a culpa, também é sua porque, em vez de erguer o brado contra esta paisagem a cair de podre, ou gritar de protesto contra a situação instalada, vocemecê faz o quê?
Vai-se demitindo da participação cívica, na mesma medida em que o prédio vai ruindo pelo telhado; por causa destas e d’outras, é que a horda de luminárias, armadas em arautos da pós modernidade citadina, continua a acreditar que o mundo desabará se privado do seu (deles) umbigo. Mais tarde ou mais cedo hão-de empurrar a comarca para perto do abismo. Acredite caro vizinho, que o logro manifesto e a manipulação dissimulada levada a cabo pelos gestores do condomínio, tem objectivos que, não sendo político-ideológicos, vão-se tornando cada vez mais numa fábula, em que você já começou a acreditar.
Saudações da vizinha

Ermengarda

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