sábado, 12 de abril de 2008

Visitação II

Perdoe-nos caro leitor a insistência e o tom repetitivo, mas a peregrinação às favelas do condomínio, trouxe-nos à memória a ideia do Sô Pinto, de elevar a Covilhã à categoria de capital da cultura patrimonial. Foi mais um tiro de fantasia que deixou o excursionista boquiaberto por tão meritória e costumeira acção de propaganda em prol do bem colectivo. O indígena fica parvo frente à quixotesca apologia do património da cidade-fábrica. É o máximo.
Era bonito, ver o peregrino acidental, desesperado, à procura da incomensurável beleza patrimonial da Covilhã. Basta imaginá-lo a captar na objectiva elementos estéticos redentores no prédio de Santo Antonio, e dos CTT, ou na decadência sublime do "centro histórico", na sua pobreza e miséria humana. Lindo, lindo, lindo.
E Que melhor se poderia oferecer a um excursionista culto, que não fosse a expressão de uma profunda falência do modelo urbano dos galinheiros da ANIL, onde o indígena se instala a troco de uma modernidade balofa.
Que importa, pois, se um em cada cinco prédios nas favelas de Santa Maria e São Martinho estão desocupados, e a maioria devolutos, ou em estado avançado de ruínas. Seja lá o que for. Sim, que importa tudo isso perante a memória do Património que temos para mostrar.

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