sexta-feira, 4 de julho de 2008

Ao virar da esquina

Se porventura tivéssemos pretensões e responsabilidades politicas, já tínhamos engendrado um plano para capitalizar as angústias dos indígenas e os espíritos abatidos, face às dificuldades do quotidiano. Era simples; bastava prometer o melhor dos mundos para a Covilhã, este canto pátrio que nos viu parir, mesmo que isso significasse não fazermos nada. No fundo, deve ser assim que pensa o sô pinto & companhia; costumeiros em dádivas nos arraiais eleitorais.
Os tecnocratas da futuridade, chegaram à conclusão, e bem, que a riqueza da cidade neve já não se baseia nas glórias passadas; na posse de uma cultura ancestral da e dos teares, à qual ninguém conseguiu dar continuidade, enquanto o fenómeno da globalização a foi agonizando aos poucos, e conduzindo para uma crescente fragilização da sua base económica e social.
Agora os desafios são outros; falta uma ampla e profunda revolução urbano/tecnológica para reverter o nosso destino de cidade pobre e marginal no contexto regional. Dizem os especialistas, em jeito de cliché, que o trilho do sucesso passa por um novo paradigma do conhecimento, competências qb e empreendedorismo. Contudo, seria bom não perder de vista uma estrutura económica vulnerável como a da Covilhã, que pouco se alterou nestes anos de gestão PSD; com elevada dependência de algumas unidades e sectores da administração pública, (Câmara, Hospital, Universidade) com um ritmo de crescimento reduzido, desemprego elevado, e níveis de formação e qualificação abaixo das necessidades.

Ora, cabe-nos a nós, ignorantes, perante este cenário perguntar se isto significa, que a Covilhã carece d’uma população capacitada para pensar alto e produzir pistas de aviões, e outras tretas incubadas à pressa nos úteros digitais. Por outras palavras, que ideia deve procriar hoje para uma Covilhã com futuro? Quem pensa a cidade? E que rumo a seguir? Pois decerto só deus e o sõ pinto o saberão, e ninguém tem nada com isso.
Que dizer da epifania peregrina d’um aeroporto no condomínio do Tarlamonte; tamanho tiro de fantasia não lembrava a ninguém. Pois não. Mas lembrou ao sô pinto, e depois? Quem o contesta? Com que argumentos? Uma coisa parece certa, se a situação se deteriorar e estas opções inanes forem avante, as luminárias que as defendem hoje não estarão cá amanhã para prestar contas. Ao indígena, ficará sempre por explicar a razão pela qual, a Covilhã ainda não viu iniciadas obras estruturantes, ou porque se deve endividar com o acessório quando lhe falta o essencial.
E o que é o essencial? Perguntará o estimado eleitor. Pois faça um breve exercício de inteligência e descubra você mesmo. Lembre-se, pois, que será sempre você a pagar o tributo deste óasis do sô pinto; um homem que nos afastou da “indigência” em troca dos enfeites citadinos e das maravilhas d’uma putativa sociedade digital com chá & biscoitos.

Em jeito conclusivo deixamos dois elucidativos versos do poeta Joaquim Pessoa:

“Os tecnocratas barbeiam-se como se fossem deuses.
E cagam-se como se fossem homens.”


7 comentários:

G* disse...

Olhe que a trupe está de pedra e cal e a rede clientelar, essa tem vindo a ser bem gerida, ano após ano, com benesses várias e bem direccionadas. Manter-se no poder é o horizonte de vida desta gente. Depois, é só embalar a malta, com as coniventes manobras de diversão na imprensa regional, o foguetório, as associações da paróquia,...Assista a uma assembleia municipal ou a outro acto público e fica com o retrato perfeito da estirpe que domina isto. É degradante!

Anónimo disse...

Estou a ver quem é que vocês queria, a conduzir o destino da Covilhã. Deixa-me ver se adivinho, POL POT e as FARC, eheheheheh.

carpinteira disse...

Comentador das 22.39,
Fez uma boa leitura da divina comédia no condomínio. Acrescentava-lhe ainda uma certa apatia da oposição e a ausência de uma “massa critica” na Covilhã, que vive em completo estado bovino.

Alípio,
Larga o vinho

Anónimo disse...

Caro carpinteira se quer que lhe diga está redondamente enganado, a tradição democrática na covilhã foi sempre feita ao nível da participação politica. Os movimetos cívicos, os tais da massa critica que fala tiveram uma existência efémera, reuniram-se meia dúzia de vezes para fazer umas jantaradas e pouco mais

carpinteira disse...

Caro anónimo,
Se quer que lhe diga, estou-me redondamente nas tintas para diferenças conceptuais entre intervenção cívica e participação politica. Podemos falar sobre isso, se quiser, noutra altura, mas por agora, andamos mais preocupados com a procriação da mentira na paróquia.

scorpio mab disse...

muito gosta o sr carpinteira da putativa...

carpinteira disse...

Caro Scorpio mab,
É verdade, nós por aqui temos um fascinio particular pela palavra putat(iva), mais por causa do (iva) do que da (puta). E também já nos começa a faltar algum vocabulário Mas prontos, são feitios. Esperamos que não tenha sido apenas isso que tenha retirado do texto. Temo-lo como uma pessoa inteligente.