quinta-feira, 12 de novembro de 2009

De costas voltadas

A propósito dos 35 anos do teatro das Beiras o seu director diz que
“o impacto da universidade no tecido cultural é relativamente pequeno, infelizmente. Isto porque a universidade fecha-se muito dentro de si. Mas há outras questões que se põem: um aluno quando chega à universidade há quanto tempo é que não vê um espectáculo de teatro? Muitos deles não lêem o jornal... “

Para alem do costumeiro lamento da falta de apoios mais os diagnósticos/reflexões sobre o triste panorama cultural do condomínio, o sô director do TB põem, desta vez, o dedo na ferida e até tem alguma razão. De facto, tem havido um fechamento da UBI sobre si própria, que porventura terá a ver, entre outras coisas, com um certo grau de autismo socio-cultural próprio do meio academico provinciano, que desvaloriza e despreza quase tudo o que tem a ver com ambiente cultural exterior à universidade. Mas também terá a ver com referentes culturais que tanto professores como alunos, pelo menos, na sua grande maioria não devem possuir.
Certo é que, ao longo destes 35 anos de existência nunca houve entre o Teatro das Beiras e universidade, uma efectiva partilha de saberes nesta área, nem existiu uma troca produtiva de ideias ou qualquer sensibilidade crítica para questões de natureza teatral; tampouco a universidade estaria interessada que os alunos aprendessem fora dos muros da academia. Também é certo que a universidade como lugar de cultura não existe. Ou melhor, faz parte dum mito que os anos mais recentes deitaram, em definitivo, por terra.(seria outra história). Os alunos entram na universidade para sofrerem processos de refinamento assistido por profissionais treinados para o efeito e saem profissionais “acabados” para um call center ou uma grande superficie. Pois é esta a sua vocação. Teatro? Que é isso?
Parabéns ao Teatro das Beiras

4 comentários:

Inspector disse...

Estando cá no condominio à cerca de 5 anos, nunca tive oportunidade de ir ao TB. No entanto tenho ido com bastente frequência ao TMG , na Guarda e à Moagem, no Fundão. Não se vê grande publicidade aos espectáculos do TB. Falo como um "estrangeiro" que se limita a ler os cartazes de rua...e seguir a comunicação social regional. Sem me querer intometer na "vida" do TB, parece-me que a estratégia tem de ser outra. Não entendo como o teatro não promove eventos cuturais,com musica, cinema, exposições...cito o exemplo do TAS que organizava ciclos de cinema ou o TEC que colaborava no Festval de Jazz de Cascais. Com tanta escola de musica e uma universidade com cursos de comunicação e imagem, parece-me sinceramente que só falta vontade dos responsaveis em "dar a volta".

Anónimo disse...

Tambem me parece que, ao contrario do que foi escrito no post, o TB, é que demonstra mais dificuldade em se impor no meio universitario. Os publicos tambem se conquistam e o teatro das beiras tem feito pouco por isso.
Vejam o exemplo do TMG.

MANEL disse...

Tudo isto começa quando o teatro das beiras se sujeita a um espaço de pouca dignidade e acesso dificil.
Estava bom de ver que se tratava de um tipo de equipamento ao estilo de mais uma quintinha para uma certa classe nesta estrutura em que cada um se governa e nas tintas para os outros.
De tal modo, insuficiente que até já eram muitos pró mesmo puleiro e vai dai toca a mandar um pessoal para o fundão.
Mas coitados, foi o que se arranjou, e o pinto queria assim, mais nada a fazer.
Não se pode é comparar o TMG com o TB, cada cidade tem o que merece.

Anónimo disse...

oh manel a consulta é diária e nas urgências tratam de ti.
Com sheltox.