quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Não à região centro

A tendência recente, e provavelmente futura, da regionalização tuga, aponta para as cinco regiões : Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve com base na NUT II. Ou seja, a região centro vai ficar submetida à macrocefalia coimbrã sob a tutela d’um poder intermédio assente nos tecnocratas da CCRC .
Mas convém não esquecer que o falhanço da criação da Beira Interior teve o patrocínio dos autarcas de Castelo Branco Covilhã e Guarda em 1998. Foi uma perda principalmente para a Covilhã, que apesar de não ter uma estratégia que lhe marcasse o destino como capital regional, teve a oportunidade de se ver livre do jugo ancestral e centralismo manipulador de Castelo Branco. Adiante.
Agora, com a futura organização administrativa e o designado mapa pacificador das 5 regiões não vai mudar nada. Absolutamente nada. Pelo contrário, vai manter-se o fenómeno da litoralização, e uma politica, historicamente propiciadora da concentração de serviços nas “capitais de distrito“. Continuarão a existir dois interiores distintos: um desenvolvido e com alguma qualidade de vida, à conta das benesses do Estado, o outro, agro-pastoril e subnutrido, à espera de melhores dias. A nova regionalização com as cinco regiões, serve para penalizar centros urbanos que não gozem do estatuto de capitalidade como é o caso da Covilhã. A região centro com capital em Coimbra, prima pela ausência de uma planificação com racionalidade sociológica e funcional, ou sentido económico; segue uma lógica essencialmente casuística, resultante de uma visão inane, que dissocia o território dos seus habitantes. Mas o pior é que vai continuar a agravar ainda mais os factores de desertificação de vastas áreas do interior centro. Cabe aos cidadãos participar nos processos de planeamento regional, obrigando a sua abertura à sociedade, sem receios, para exercerem o controlo sobre os exercícios na coisa pública e, ao mesmo tempo, refutar mecanismos de imposição de regiões artificiais com esta.
É preciso dizer não a esta regionalização.

6 comentários:

Anónimo disse...

Só este blog para inventar uma regionalização que não existe e ver uma ameaça em Coimbra.
Poupem-me.

O Inspector disse...

Penso que o artigo, apesar de oportuno, tece uma visão demasiado negativa. Julgo que quem vive e trabalha no interior sente a "mão" pesada das grandes capitais Lisboa e Porto. Não é por acaso que as vias de comunicação confirmam esta tese e que fundamentam (entre outros aspectos) o tal falhanço da Beira Interior. É com algum lamento que refiro que nunca existiu Beira Interior....ou Algarve...ou Trás-os-Montes. Lisboa põe e dispõe à séculos (mesmo com governantes de várias tendências oruindos da periferia do país)e "vive" do seu centralismo egocentrista. Por isso é importante avançar para a Regionalização e se a Covilhã...ou Castelo Branco..ou Fundão...ou Sabugal perdem...sem duvida que todos ganhamos. Seria bom que pela primeira vez pensassemos numa região ao contrário de uma "confederação" que partilha o poder entre municipios.

tecelao disse...

Inspector,

Nao sei se é uma visão demasiado negativa como lhe chamas. Seja como for não sou contra o principio mas contra o putativa instituição de uma região centro com sede em Coimbra.

Por outro lado, não sei até que ponto os interesses regionais de Coimbra são iguais aos do Fundão, sabugal ou Covilhã, e se este poder intermedio não irá reproduzir mais um modelo centralista e concentracionista duma região que não tem qualquer afinidade com o interior.

Até que ponto o modelo de gestão regional centralista de Coimbra vai dar uma resposta mais rápida, eficaz, concertada, atempada, transparente? Com altíssima probabilidade, serão os amigos de quem sempre parasitou pelos corredores do poder central, que vão dar continuidade aos tiques subsidiadores e interventores que, evidentemente, os governos regionais tentam explorar e reverter para as suas jurisdições de proximidade.

Todas arengas do género de disseminação do poder político, ou do caracter democrático do principio da subsidariedade, auto-suficiencia das comunidades ou o aproximar da relação eleitor-eleito, podem coexistir perfeitamente numa região como a beira interior.
O problema é que nos tem vendido a ideia que andamos perder demasiado tempo a questionar os contornos de cada região, como se isso fosse irrelevante. E não é.

Mas isto sou eu a desconfiar da coisa.

Anónimo disse...

Estou em crer que o tecelao tem uma visao muito paroquial.O centralismo foi sempre apanagio das grandes cidades do pais: Lisboa e Porto enão de Coimbra
É pena que este tema não interesse os habituais participantes deste blog, provavelmente porque não fala da canara da covilha

Anónimo disse...

Ainda nada está decidido e já começou a minagem. Anda por aqui alguém com medo de perder o seu lindo poiso.

O Inspector disse...

Ao que parece há um acordo generalizado ao avanço da regionalização. O que é optimo!!! O que tentei transmitir é que a capital, para já, não é importante. Julgo que o processo deve avançar por passo, de forma a não acontecer o que ...aconteceu. Se bem se lembram por causa da discussão dos limites das regiões...Lisboa ganhou mais uma vez! Sobre a possibilidade de uma cidade de menor dimensão tornar-se capital...óptimo. Temos o caso da vizinha Espanha com a Comunidade Autonoma da Extremdura, cuja capital é Mérida (inferior a Caceres ou Badajoz). Existem soluções politicas que contornam estes aspectos (por exemplo a sede do Governo estar numa cidade e o Parlamento noutra). O que me parece, usando a sensatez, é que o litoral tem de resolver o problema da nossa interioridade. Isto é onde existe população tem de se pagar um pouco mais (IMPOSTOS) para que outros possam viver melhor.Havedno regionalização a distribuição dos investimentos pode ser mais justa (para o interior) que actualmente. É por esse motivo o problema da capital ...para mim é secundário...