terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Memórias da cidade fábrica: o abandono

É espantoso, este súbito despertar preocupado dos amanuenses para a memória colectiva, depois de décadas de indiferença e abandono do património industrial, ou o que dele resta na Covilhã. Atente-se ao autêntico falhanço e ao alfobre de disparates, de que é exemplo o parque habitacional tão fragmentado quão degradado no indigente “centro histórico”, falho em sucessivos planos de reabilitação. Mas eles falam como se não existissem políticas de (des)ordenação urbana, que mandaram, e ainda hoje, mandam às urtigas a recuperação de edificios industriais obsoletos como os que são visíveis no condomínio covilhaneinse. Desde Lopes Teixeira, passando por Alvaro Ramos, até à vigência do pintismo, nunca foi realizado nenhum estudo sistemático dos monumentos e artefactos, resultantes do declínio da indústria têxtil, nem qualquer inventário e divulgação do património industrial. Ao longo destes anos, as respectivas administrações do condomínio, mostraram-se incapazes de delinear estratégias para a cidade e tiveram no casuismo a única forma de acção, através da dispersão construtiva e subalternização do espaço público, que tornaram a Covilhã (cidade de montanha), disforme e agressiva. Não faltam exemplos de espaços com identidade própria, evocativos de percursos simbólicos na história da cidade fábrica, transformados em locais incaracterísticos. Ou seja, a administração foi edificando a cidade, sem rumo, contaminada por jardins de pedra numa rede de infra-estruturas demasiado mecânicas para conter referências históricas da Covilhã.
O resultado está bem à vista nesta peça.

3 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com muita coisa que foi escrita no post. Mas acho que esta camara foi a que mais se interessou pela recuperação de alguns espaços industriais.
Basta visitar o nucleo da ponte do rato até á goldra

André Carrilho disse...

Oh anónimo,
Qual "Ponte" do Rato?
Achas que aquele pirilau ainda recupera ou que aquela Tinturaria se endireita?

Anónimo disse...

aquele edificio "Tinturaria" está sempre fechado e sem actividades.
Entreguem aquilo ao museu de lanificios da UBI seus incompetentes