terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Holmes

Não há muito para dizer sobre esta espécie de sucedâneo do clássico de Conan Doyle, com o qual apenas partilha o título e os personagens. Sendo que, o filme também podia chamar-se: Sherlock Holmes sabe mais de artes marciais do que Bruce Lee.
Para quem conhece o duo de “heróis” londrinos torna-se inevitável traçar similitudes com as narrativas contadas nos livros.
Quanto ao filme, trata-se de uma historieta entediante com um guião horroroso a que se junta um rol de pancadaria, desde o princípio ao fim; bem ao jeito de qualquer cena gratuita de Van Damme. Não deixa ao espectador qualquer margem, que lhe permita estabelecer uma conexão, por mínima que seja, com o verdadeiro Sherlock Holmes de Conan Doyle. Mas, mesmo dando esta parte de barato, o que resta do filme são algumas pinceladas de humor, que resultam patéticas, chegando a fazer de Holmes um personagem detestável, que em vez de deduzir passou a processar. Digamos que, no meio da treta, salva-se a cenografia e recriação da Londres vitoriana, espectacularmente reconstruída. A partir daqui, sobra o encadeamento de numerosas cenas de acção, rodadas na linha habitual do realizador Guy Ritchie: câmaras lentas, montagens rápidas e outros efeitos estéticos do videoclip, que por vezes, contém algum dinamismo, e por outras, cortam completamente o ritmo do filme. Os diálogos intervalados entre Holmes e Watson acrescentam uma intriga que se parece com tudo menos com as habituais trocas de expressões entre os dois heróis de Conan Doyle com um desenvolvimento minimal repetitivo; um final grotesco, absurdo e precipitado. A propósito, nem por uma única vez, surge a mais que obrigatória frase: elementar meu caro watson. Em suma, a este Sherlock Holmes, falta-lhe alma e quase tudo.

1 comentário:

manufactura disse...

...completamente de acordo...que "rapsódia" mais mal engonçada!!! recomendo o "julie&Julia"... um excelente e excêntrico texto...