sábado, 27 de fevereiro de 2010

Os espelhos de (MSR)

Leio na revista A23 um excerto do novo romance de Manuel da Silva Ramos “Três vidas ao espelho”. Logo a abrir, retenho do deslumbrado editor da revista, juizos solenes sobre tão preciosa matéria literária de que é composta a prosa de MSR, diz ele que “produz mil centelhas de prazer e emoção.” Pois atão.
Começo já por dizer que de mim não leva salamaleques nem laudas de cortesão. Bastou-me o Café Montalto e Ambulância, para a paciência se me esgotar logo nas primeiras páginas. Nada espero, por isso, deste novel romance, até porque a função deste escriba é apenas uma: escrever um livro igual aos outros, sem se dar á tarefa de os reinventar. Suponho que a literatura seja um pouco mais do que molhar o verbo para o espremer a favor de nada. Ora, neste sentido, a escrita será sempre uma dádiva, mas um abrigo demasiado acanhado para MSR; desvairado/solipsista, cuja prosa se esgota na categoria do surrealismo serôdio e em fórmulas do género: "- A fronteira entre o sexo e a amizade é tão ténue que mal se vê! Exactamente como a baba de caracol num muro de Bosost numa manhã de inverno." Comovente, mas demasiado peganhosa, esta vacuidade substancial do escriba erótico, sempre propício a algum requinte formal, mas que não passa disso mesmo: um vazio.
São gostos, e os gostos, obviamente, discutem-se. Fico, por isso, grato em saber que a narrativa de non sense continua tão intacta em “Três vidas ao espelho” como nos “Três seios de novélia”. MSR retoma a mesmice das repetições anafóricas e os costumeiros chorrilhos adjectivais: "Rainha dos aflitos testiculares, Rainha dos esperançosos da terra (…) Rainha dos carcomidos da terra." E por aí fora. Ou então, a frase solta a fazer jus ao cardápio surreal; espécie de marginalidade literária com muita parvoíce mascarada em frases como esta: "Sempre fui contra o capitalismo cansativo das mulheres."
À medida que me adentro pela pré publicação, deparo com uma escrita pobrezita, rala de imaginação, onde não podia faltar o porno/Eros do escriba, plasmado numa tal "Regina de Toulouse. Que escondera o passaporte falso na sua larga cona republicana que servira para consolar tantos e tantos irmãos de combate." Poderia o escriba substituir o excesso desbocado por outro de igual valor literário? Podia, mas na pena de Msr, uma cona e uma vagina não são a mesma coisa. A este propósito, deixo aqui um leve smell na a23online.

3 comentários:

MANEL disse...

Depois deste texto, como é que eu, alguma vez poso escrever bem.
Nunca. Carpinteira habituas mal o pessoal, depois eles qeixam-se.
Mas este não é o escritor que inspira o romão e o pinto?

Anónimo disse...

O fulano mete dó.
Aquela cabecinha (neurónios) deve para o mesmo ser fálica.

Josefina disse...

Baba de Caracol é mesmo bom! Eu aconselho a todos já que os resultados têm sido excelente para mim...

Não é fácil de encontrar mas o site www.babacaracol.com tem excelentes produtos!

bjs