sexta-feira, 9 de julho de 2010

Um filme no Verão

Revejo mais uma vez, numa desta noites de estio o filme Babel.
Iñárritu, o realizador, conta várias histórias que confluem umas com as outras, tornando-as interdependentes. Há uma intenção clara de dotar estas distintas linhas narrativas num tom que faz lembrar o “efeito borboleta” ainda que possamos falar do destino inexorável do ser humano, ou de mero azar.
O filme começa precisamente neste efeito cascata com dois adolescentes marroquinos, pastores e inconscientes, como é próprio da sua idade, a disparar por jogo, contra um autocarro, ferindo uma turista americana. Do outro lado do atlântico, a vida relativamente cómoda d’uma ama mexicana que tem a seu cargo os filhos do casal americano, transforma-se em catástrofe- No espaço de um dia vemos a vida da familia dos adolescentes magrebinos alterar-se radicalmente
O segmento que parece mais desajustado na intersecção destas narrativas, é o que se desenvolve a partir do Japão, com a adolescente surda-muda, e os graves problemas de relacionamento com os homens, devido a complicações de ordem comunicacional. Esta parcela da narrativa afasta-se um pouco das quatro linhas argumentativas que o realizador apresenta. Digamos que tem um vinculo superficial, sustentado apenas na existência de uma espingarda que desencadeou a tragédia.
Moral da história: a Babel de línguas que é o mundo, e as diversas linguagens de que somos dotados, parecem insuficientes para entender o outro.
Num mundo cada vez mais globalizado e à procura de identidade, Babel viaja por quatro histórias levadas ao limite, capazes de emocionar qualquer um, e ao mesmo tempo fazendo-nos participar nelas. No fundo, Babel somos todos nós.

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