segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ainda sobre a praxe

(comentário de um leitor)

"Anónimo que conhece a verdadeira praxe, eu sou aquele que não a conhece. A coisa que eu conheço e que o anónimo diz que não é praxe não a conheço apenas daqui do Carpinteira. Por razões profissionais, eu frequento a UBI. O que vejo, não sendo crime, enoja-me. Vejo a boçalidade mais bárbara e ignorante elevada à categoria de qualidade a cultivar. Ouço os praxistas vociferarem como cabos de infantaria com a quarta classe incompleta. Não é crime, não. Mas é nojento, é uma foleirice atrasada, pindérica, inculta, e que claramente não entusiasma ninguém a não ser quem precisa desses momentos para se sentir importante. E vejo os caloiros a fazerem coisas que claramente preferiam não estar a fazer. É crime? Não. Mas é uma vergonha, que uns fulanos exerçam uma autoridade arbitrária e ilegítima sobre cidadãos de pleno direito, contra a vontade destes. E agora vai-me dizer que não é contra a sua vontade. Mas sabe tão bem como eu que isso é uma treta e que só pessoas muito seguras de si conseguem impôr a sua vontade nestas circunstâncias. Para os outros é aguentar, que é o menos mau. E digo-lhe mais. Pelas mesmas razões profissionais a que me referi há pouco, tenho passado temporadas em universidades de diversos países e em mais nenhum encontro esta vil e pobre tristeza que é a praxe que se vê e se ouve nesta altura do ano nas universidades portuguesas. Mas,olhe, já que as brincadeiras da praxe são tão boas, tão divertidas, tão integradoras, porque é que não as invertem, como outro anónimo propôs há dias? Porque é que não põem os caloiros a gritar aos veteranos, a mandá-los andar de mãos dadas, a pintarem-lhes a cara, a obrigá-los a formar em linha e a ouvirem o que a todos (mas imagino que não a si) parecem gritos e insultos? Não me diga que nessa sua "verdadeira praxe" se considera que as virtudes integradoras do grito, do insulto e da ordem arbitrária só se fazem sentir quando o grito, o insulto e a ordem são dirigidos do veterano para o novo aluno! Se assim é, a sua verdadeira praxe é muito parecida com as outras todas, a que todos estamos acostumados. Quer explicar-nos melhor estas nuances entre o que é praxe e o que não é?"

16 comentários:

Anónimo disse...

A praxe tem altos e baixos, quando bem praticada, nao faz mal a ninguem. Eu na minha altura, desviei-me bastante da praxe, e hoje tenho pena, porque sei que perdi os laços que se criam entre os que sao praxados em grupo.

Repito o inicio, a praxe tem altos e baixos, mas quem fala assim da praxe, nao sabe minimamente do que fala, e nao merece que se engatem mais discusoes.

Buh disse...

Fui caloiro e fui veterano. Fui praxado e praxei.
Hoje, já inserido no mundo do trabalho, recordo os meus tempos de caloiro com ENORME saudosismo, e classifico-os como estando entre os melhores e mais memoráveis momentos da minha vida.

Há praxes exageradas e despropositadas? Pois claro que há, mas como em qualquer outro acontecimento de índole lúdica, os exageros estão presentes. Vamos proibir a abertura de discotecas porque há sempre alguém com os copos que se excede nas suas acções? Vamos proibir os jogos de futebol porque há indivíduos que partem para a violência quando as coisas não correm bem à sua equipa?

Deixem a praxe em paz, até porque é o bulício que a caloirada e os veteranos provocam nas ruas da cidade por esta altura que vem quebrar a pasmaceira que se instala na Covilhã durante todo o Verão...

carpinteira disse...

Para o cvl inconsciente e outros tanguistas anonimos,
Duma vez por todas espero que fique claro, que “presideinte do blog” escreve o que quer e as vezes que forem necessárias, sem ter de pedir qualquer satisfação a alguem.
Pois fiquem sabendo, que o “presideinte do blog” assume a sua parcialidade, quanto ao assunto da praxe. Quer isto dizer que é frontalmente contra. Ou seja: para ele não faz sentido a discussão entre boas e más praxes.
Reitera o “presideinte do blog”, o que já defendeu por bastas vezes. Haverá por certo outras formas bem mais criativas para quebrar a pasmaceira da Covilhã. Mas ele tem muitos dúvidas que essa quebra de rotina, tenha proveniência num ritual de integração forçada, humilhante, com filas de putos encostados às paredes, angustiados e sujeitos a praticas de submissão inqualificáveis.
Diz ele, o presideinte do blog que pura e simplesmente, a praxe como pratica fascizante devia ser erradicada do meio académico e todos os que insistissem em praticá-la deviam ser criminalizados pelo acto.

O presideinte do blog dixit

Anónimo disse...

Concordo 100% com o Carpinteira.

Existe um blog chamado carpinteira, que tem alguém que manda nele e que tem o direito de escrever o que quer e bem lhe apetece sobre o que quer e bem lhe apetece.

Tenho um blog e escrevo o que quero e bem me apetece. Só lá vai quem quer.

Nunca te esqueças disso Carpinteira, podemos concordar ou não uns com os outros, mas o importante é respeitar a liberdade de cada um.

Dando a minha opinião no que diz respeito à praxe, concordo com ela com conta, peso e medida.

Lembro-me de ter de fugir à policia por causa das reuniões de latada, o que acho ridículo. Mas também me lembro de bons momentos vividos

E também me lembro dos meus familiares me terem oferecido um traje académico e de ser ameaçado a ir a "Tribunal de Praxe" porque não dobrava a capa correctamente. ERA SÓ O QUE FALTAVA UM ARTISTA QUALQUER DE BRAGA, COIMBRA, VISEU OU DO C.... que vem apenas estudar para a MINHA cidade agora me vir dizer o que devo e como devo fazer as coisas.

Enfim...

Bem haja pela discussão ;)

Anónimo disse...

Pelo ar de prazer do praxante, quem não gosta ou gostaria de praxar?
Triste, recalques evidentes.

Anónimo disse...

"ERA SÓ O QUE FALTAVA UM ARTISTA QUALQUER DE BRAGA, COIMBRA, VISEU OU DO C...."

Os estrangeiros, essa escumalha! Era corrê-los a todos prá terra deles!

(Fascizante, a praxe e os praxistas? Naaaaão! Como é que alguém pode ter semelhante ideia?!)

Anónimo disse...

Este comentário elevado a "posta" é dirigido à minha pessoa, portanto aqui vai:

«Mas,olhe, já que as brincadeiras da praxe são tão boas, tão divertidas, tão integradoras, porque é que não as invertem, como outro anónimo propôs há dias? Porque é que não põem os caloiros a gritar aos veteranos, a mandá-los andar de mãos dadas, a pintarem-lhes a cara, a obrigá-los a formar em linha e a ouvirem o que a todos (mas imagino que não a si) parecem gritos e insultos?»
R: :D O porreiro, mas mesmo porreiro, é que quando era então denominado de veterano depois de praxar, dei a última semana de praxes para que os caloiros, sempre que me vissem, me praxassem como quisessem!!!! Isto, creio, responde a toda a posta aqui deixada. Se calhar este funcionário da UBI não gosta da praxe porque se sente frustrado por não ser aluno... digo eu. Admito que possa estar errado.

PS: Acho muito bem que as pessoas assumam a sua posição perante os temas. E acho ainda melhor que abordem os temas sempre que acharem pertinente. Parabéns ao carpinteira pela coerÊncia. Eu, como já disse, respeito uma posição diferente da minha. Espero é que também respeitem a minha, o que nem sempre acontece com alguns comentadores cujo argumento é a idiotice...

Mime disse...

O senhor "presideinte do blog" deve saber ouvir as críticas de todos os intervenientes, quer elas vão de encontro à sua opinião ou não. A não ser que o blog funcione em regime ditatorial e o senhor ditador, ups, "presideinte do blog" passe a ser o dono e senhor da razão, não interessando a opinião dos outros para nada. Vejamos então se o senhor "presideinte do blog" vai continuar a usar o lápis azul e a censurar os comentários dos visitantes do "seu" blog, como já me tem acontecido mais que uma vez.

carpinteira disse...

Mime,

o "presideinte do blog" manda dizer que aprecia sempre a opinião dos outros. Mesmo quando não tem importância nenhuma, como é o caso do teu comentário.

Volta sempre, mas não te esforces.

Anónimo disse...

"Se calhar este funcionário da UBI não gosta da praxe porque se sente frustrado por não ser aluno... digo eu. Admito que possa estar errado."

Pois pode: se calhar, este "funcionário da UBI" não se sente frustrado (mmm, por falar em frustrações, não foi um defensor da praxe que há dias aqui falou do saudosismo dos tempos de estudante? Se calhar alguém anda frustrado por os "bons velhos tempos" já terem passado...); se calhar, se ele se sente frustrado, talvez não seja por não ser aluno; e, ainda se calhar, se não gosta da praxe, talvez seja por razões que já aqui foram várias vezes explicadas e não por estar frustrado seja lá por que fôr.
Caro defensor da praxe, ninguém o obriga a partilhar as minhas razões ou as do Carpinteira. Não me obrigue também a partilhar as suas. Mas sobretudo, diga-me, não terá nada melhor para fazer do que andar a fabricar as minhas razões para ser contra a praxe?! Olhe, como se disse há pouco no outro post sobre este assunto, get a life!

Anónimo disse...

Foram aqui esgrimidos argumentos de um lado e do outro, uns fundamentados, outros nem por isso, mas dizer que o blog carpinteira "funciona em regime ditatorial" só pode vir de alguem que é pobre e mal agradecido.
Parabens carpinteira pelo debate de ideias.

Anónimo disse...

"get a life"!??! Uau que argumento... "Ah eu não sei o que dizer... portanto... get a life... vai-te embora, não comentes... que eu não sei o que te responder"... Sim senhor, muito democrático... muito elevado esse comentário!

"Não me obrigue também a partilhar as suas [ideia]" - Obrigá-lo?!?!? Eu nem lhe digo para ir tirar um curso universitário de modo a conseguir entender português básico, pois até o ensino universitário já viu melhores dias!

Eu debato ideias com argumentos... mas a isso você considera uma tentativa de o fazer aceitar as minhas ideias! Então o que é que você faz quando comenta?!?! Está-me a pressionar a aceitar as suas!?!??

Anónimo disse...

Concordo inteiramente com o comentário, na maioria dos casos, o que se vê são exemplos que não servem para integrar ninguém...

NABOMOR disse...

Acho que já começou a chover, está a ficar bom para irem plantar NABOS.

Anónimo disse...

Anónimo da 1:24, tenha calma. Eu dou de barato que não me tenta impor as suas ideias. Era o que faltava, já agora. O essencial do que eu queria dizer estava no final do parágrafo que o escandalizou, mais especificamente na última frase:
"Mas sobretudo, diga-me, não terá nada melhor para fazer do que andar a fabricar as minhas razões para ser contra a praxe?!"
Aceite que as minhas razões para não gostar da praxe são válidas, mesmo que não as partilhe, e não se ponha a inventar as minhas razões, como quando disse que é por estar frustrado por não ser aluno (por *já* não ser aluno, acrescento eu) que sou contra a praxe.
Não é por isso que sou contra a praxe.

Já agora, essa do saudosismo dos tempos de estudante, nunca pegou comigo. Coimbra teve mesmo mais encanto, na hora da despedida (ufa, que alívio!), a minha vida continuou, está mais interessante agora, e o melhor ainda está para vir, ou vou fazer por isso. Só tenho saudades do futuro. E por isso lhe disse que deixasse esse saudosismo (que eu considero balofo, mas não ligue a este velhote) e arranjasse uma vida. Mas tratou-se apenas de um conselho bem intencionado, faça com ele o que quiser. Como é óbvio!
Cumprimentos.

Anónimo disse...

Fui praxado em 3 situações distintas da minha vida e ainda hoje recordo com saudade esses momentos, mas jamais assisti a tamanhas monstruosidades.
Estes "meninos" vão ficar extremamente agradecidos a quem puser as irmãs e filhas na mesma situação e com o evoluir das coisas, possivelmente passarão a vê-las no acto ao natural e como bónus ainda enrabichem o pai ou irmão. Juventude triste e deplorável que envergonha toda uma comunidade.