quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Porque não voto Cavaco.



O exercício da política é demasiado nobre para que resulte da coincidência da rodagem de um carro, especialmente quando anteriormente se percorre de táxi as distritais e concelhias do partido, promovendo a candidatura.

É demasiado nobre, para que sistematicamente se tenha dúvida nas decisões polémicas, especialmente quando “nunca se engana e raramente tem duvidas”.

É demasiado nobre para que se negue a relação com amigos que sistematicamente aparecem associados a escândalos e verdadeiros roubos do bem público.

Não consigo votar em quem já foi dispensado, corrido apupado e descredibilizado pelo povo. Lembro-me que Carlos Pinto se queixou de ter perdido umas eleições, quando mineiros se manifestaram com faixas negras, contra a visita do 1ºministro Cavaco, em plena campanha eleitoral autárquica.

Não poderia votar num português que não me inspire confiança. Que me revele o pior do estilo egoísta, invejoso, malicioso e sobranceiro do lado negro do estilo tuga. O mais respeitado do bairro, só porque dizem que é boa pessoa, só porque dizem que é sério e sabe-se lá quem é e do que é capaz.

Especialmente, porque quero querer na vida real, no que vejo e no que sinto. Cavaco é um mito, construído sobre o desaparecimento de outros. Aproveitou-se do desaparecimento de Sá Carneiro e especialmente estuda e adapta o que um povo valoriza quando elege Salazar como o melhor português. Cada passo, cada expressão, cada opinião, são de acordo com o interesse do momento.

Acredito no político genuíno e sincero. Cavaco é calculista, sabe que todos os burros comem palha, só é preciso saber dar-lha. Não responde, não considera, não tem opinião.

Trata-se de eleger um português e convém que o meu voto represente identidade, compromisso e cumplicidade. Não é o caso.

Nenhuma consciência é extremista. Logo não poderia votar num extremista. Especialmente quando disfarçado. Cavaco poderia ser um louça do bloco de direita.

4 comentários:

Anónimo disse...

Brilhante!! Aplaudo de pé.

tecelao disse...

CC,

Elevar cavaco à categoria de mito, (permite-me que te diga) mas parece-me demasiado laudatório para tão fraca figura. O que o gajo tem feito, desde a celebre viagem à Figueira da Foz, é promover a miserável auto-estima e auto-flagelação que certa política faz por introduzir à força nas mentes tugas. Mas são estes mesmos tugas, que depois do miserável estendal de misérias que o caso BPN/CAVACO lhes expôs à frente dos olhos, os há-de levar a elegê-lo à primeira volta. Ainda mais trágico, para adicionar a tudo isto, é a absurda complacência dos media, que entram descaradamente neste jogo, e nesta incongruência, como se isto fosse a coisa mais natural deste mundo.

De resto achei mui NOBRE o teu post

Covilhã, consciente disse...

Caro tecelao

Agradeço o teu comentário e aproveito o teu alerta sobre a eventual elevação de cavaco a mito, para esclarecer.
O mito por definição procura explicar o fenómeno. Os fenómenos podem ser profícuos ou nocivos.
Efectivamente cavaco é o fenómeno. No caso nocivo.

O Bom Selvagem disse...

Eu também não sou simpatizante do referido candidato nem de tudo o que vem a lume constantemente sobre escândalos políticos e financeiros que (mesmo que ténuamente) envolvam a personagem (algo sinistra, na minha opinião). Mas a pergunta que impera é: as alternativas (a não ser o voto em branco) serão melhores? Não quero dizer com isto que a minha intenção de voto será para o senhor em questão, que não é, em vez disso, pergunto se não urge a necessidade de uma renovação do panorama político nacional, onde são precisas pessoas com consciência de estado e não "políticos".