domingo, 27 de março de 2011

Diz que é o teatro universitário


Todos os anos há um evento no condomínio a que dão o nome de festival de teatro universitário. Garanto que apenas analiso a arte de representar na óptica do utilizador, daí que dispenso bem este género de teatro performativo, experimental ou outra merda qualquer que lhe queiram chamar e para a qual já não tenho pachorra. Digamos que estou mais familiarizado com o conceito de dramaturgias convencionais do género Vicentino, Moliére, Tchekov ou Brecht.
Bastou-me ter assistido a dois ou três espectáculos para me dar conta que estes gajos performativos pretendem é exterminar a noção popular do teatro, uma arte que nunca constituiu um fenómeno de massas, e que agora querem reduzir a exercícios masturbatórios. Ou melhor; aldrabices, que modificam os componentes no palco para criarem aquilo a que chamam de combinações interactivas ou o caralho.Tudo não passa, pois, da desconstrução do texto e da fragmentação da geometria dos espaços, no intento de mandarem às urtigas a ordem cronológica dos acontecimentos. Em nome de quê? De tangas como relações de dominação/servidão, ruptura com as convenções, ... e por aí fora, até convocarem combinações que desencadeiem significados absurdos. Uma seca é o que é. Depois queixam-se por terem meia duzia de gatos pingados na assistência.

2 comentários:

Anónimo disse...

Essas dramaturgias que consideras convencionais (e que eu também prefiro) foram, no seu tempo, revolucionárias e causaram nalguns a mesma repulsa que agora a ti te causam estas performances.
Desta constatação não deduzo que tudo o que se faz agora é bom ou, sequer, que será convencional no futuro. O tempo o dirá.
Mas acho que o teatro universitário é um contexto óptimo para a experimentação. Por isso, acho muito bem que estes grupos façam coisas esquisitas, que para o que é convencional já há muito quem o faça, e melhor.

É teatro escolar, pá! Deixa-os brincar (e uso a palavra no melhor sentido possível) à vontade!

tecelao disse...

anonimo,

"...o teatro universitário é um contexto óptimo para a experimentação"

Concordo contigo, até porque a criação artística – boa ou má, conforme os gostos (os gostos discutem-se?) e a educação de cada um – fomenta uma atitude inovadora. Nada contra. O problema é quando arte de criar se cola a um experimentalismo de que nós (publico) nem sequer queremos ver, quanto mais gostar.
De resto, se o teatro universitário quer continuar nessa espécie de gueto cultural que é a arte performativa com salas às moscas (quem sou eu para os impedir!) pois que continue. Mas então que o façam por sua conta e risco.