domingo, 17 de abril de 2011

A obra de arte e os dislates do Facebook

A noção que um leigo como eu, tem sobre a obra de arte, está associada a uma ideia de beleza e ao mesmo tempo a uma reflexão sobre a utilidade da criação artistica. É assim que observo, por exemplo, a vulva pintada por Gustav Courbet, um quadro realista, cuja apreciação estética, polémica, por certo, não vou agora aprofundar. Vem isto a propósito do bloqueamento de uma conta no facebook, por alguém ter exibido na sua pagina este quadro do pintor francês "a origem do mundo . Trata-se, obviamente, de um acto censório semelhante ao da policia de Braga, quando recolheu a mesma "Vulva de Gustave Courbet" duma banca de livros. É sempre dificil explicar o que é o pornográfico e o obsceno na obra d’arte. No entanto, a moral nunca devia sobrepor-se àquilo que qualquer ser humano tem de mais natural, neste caso, a sua vagina, e/ou o seu pénis, pois em qualquer definição normativa de arte, eles deviam ter sempre uma carga simbólica divina. Bom, se tivermos que relacionar o nível conceptual de todas as amputações censórias na obra d’arte, porque é de amputação estética que estamos a falar, nunca mais daqui saímos. O que seria pois, do "David" de “Miguel Ângelo” por exemplo, sem o pénis, ou das “Vénus” sem as respectivas vaginas. Adiante. Isto para dizer que o objecto do pudor de Courbet deve ter funcionado como medida de acção profiláctica para os zelosos responsáveis do Facebook , i.e., os cromos devem ter considerado a exibição lasciva de uma cona, como uma guloseima, cuja representação tinha a finalidade de excitar sexualmente o observador incauto e levá-lo a bater compulsivamente umas valentes serapitolas. Pior ainda: alguém podia ficar a conhecer uma parte da anatomia feminina, por sinal, o órgão reprodutor que os fez vir ao mundo. Ora foda-se pró facebook.

1 comentário:

Anónimo disse...

A anatomia feminina e uma beleza|