A pesada cruz do silêincio

Começo já por fazeir uma declaração de inteinções: não sou creinte em divindade de espécie alguma, mas sou, obviameinte, a favor da destituição política da fé e da revelação, que qualquer noção de democracia deve exigir. Posto isto, e para que não me acusem de anti clericalismo ordinário ou moralismo selectivo, garanto, que leio as palavras da igreija católica apostólica romana (salvé francisco), não como um tique de retórica pardaceinta, mas como um toque rectal para iludir a Verdade que nos afronta todos os dias. Amen.

Não me passa, pois, pela cabeiça cobrar moral a uma instituição religiosa como o “bispado da Guarda”. Até porque, dada a sua natureiza antropológica, a igreija também é feita de homens e bispos sensíveis e não de pedras ou de uma cultura que existe apeinas em abstracto. Quero dizeir com isto, que as zelosas e apreensivas preocupações que o sô bispo da Guarda tem revelado com o aumeinto de fenómenos como a corrupção e a injusta redistribuição da riqueiza em Portugal, fazem-me algumas cócegas na pituitária. Descansem os beatos que não vou palavrear sobre a peidofilia sacerdotal, mas ainda que mal pergunte: atão o sô bispo ainda não ouviu falar no alegado assédio, tipo “moral.sexual” numa IPSS que tutela na covilhã? Está à espera de quei para mandar averiguar a coisa?

Ah pois é! Ou quer o Dom Felicius, continuar a assobiar para os céus, qual prática sistemática de ocultação do pecado? Não me parece bem ó sô bispo, deixar esquecidas no segredo do limbo, as diatribes da irmandade, que lhe caiem meismo à freinte da batina. Tome lá conta do recado, porra.