segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Goldoni e a ruptura

Não vamos fazer uma crítica do espectáculo Moliére, isso deixaremos à apreciação dos caros leitores/espectadores. Parece-nos, no entanto, enquanto apreciadores de teatro na óptica do utilizador, e com parcos conhecimentos da arte de representar, que Carlo Goldoni não estabelece de modo claro, uma ruptura com a farsa tradicional, oriunda do teatro francês e italiano, como vem escrito no folheto que apresenta a peça Moliére, no teatro das beiras.
É certo que Goldoni, inaugura a comédia moderna, mas continua a misturar os elementos cómicos da Comedia dell' arte, com descrições de costumes, vícios e virtudes do seu tempo. Esta nova postura, transforma e enriquece estas personagens tradicionais, e mantém algumas das suas máscaras, que no teatro do século XVI, eram um recurso plástico da época, um signo de uma personagem que plasmava o seu carácter através de imagens exageradas
Não descortinamos qualquer ruptura, aquilo que nos parece existir, é a fusão dos topos que caracterizam os dois momentos teatrais, senão vejamos: tanto na Comedia dell' arte, como no teatro de Moliére, o grande objectivo é divertir o público, conseguindo-o fazer com uma crítica à falsidade e hipocrisia da época, pondo a nu, o ridículo, e as debilidades humanas.
Por seu turno, Goldoni resgata estas características através de diálogos mais vivos, com quadros verosímeis, retirados da sociedade italiana da época, e reconheciveis pelo público.

Dito isto, o caro leitor, pode e deve passar pelo Teatro das Beiras na Covilhã, e divertir-se com a peça Moliére de Carlo Goldoni, porque é para isso que o teatro serve.

Sem comentários: