quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Avatares de um filho adaptado

Chegam aos magotes à Covilhã durante a época de Outono: o burgo recebe-os de perna aberta, e a primeira oferenda consta d’um quarto ao preço módico de 250 aéreos, com direito a um banhinho semanal. Maibom!! Grande parte do rebanho chega à cidade-fábrica com o intuito de tirar um cursozito à Bolognaise, e depois ala que se faz tarde…uma caixa de supermercado espera por eles.
Falamos, pois claro, do género Covilhanense-académico; onde se perfilam professores, estudantes, e outros cromos que não conseguimos identificar. No entanto, sabemos que se convertem à espécie, através de um estranho processo de osmose, sem misturas, ou proximidades afectivas com os autóctones.

No princípio era o deslumbramento pela paisagem e por montes nunca d’antes contemplados, num contentamento descontente, que levou o cromo académico a disseminar-se pelas partes baixas e altas da urbe. Assimilou naturalmente o sotaque covilhaneinse, e como indígena que se preze, tornou-se um apreciador compulsivo da gastronomia serrana, como seja o tradicional Arroz à Valenciana, embora haja alguns casos de adesão à Francesinha e ao Frango da Guia, Sim senhor.

Estas espécies de covilhanenses em trânsito tem, aparentemente, grande facilidade em se adaptarem a meios adversos, não se estranha por isso, que gostem muito de cá estar. Só que, a fugacidade do teimpo, e as rotinas académicas, trouxeram-lhe, paulatinamente, algum desconforto. E, está-se mesmo a ver, o pior que pode acontecer a uma espécie adaptada, é descobrir que afinal, a Covilhã não tem praia, e que o Sol que dá luz à sua existência, permanece por cá menos teimpo, do que por outras paragens banhadas pelo precioso liquido, onde massaja o ego e chapinha os chispes.
De repente, a perplexidade instala-se e transforma-se em azia metafísica; vai daí, enclausura-se no casulo, seu habitat natural, donde sai às Quintas de noite, para regressar às Quartas de manhã, (da semana seguinte, é claro) em coma alcoólico.
Dão-se alvíssaras a quem consiga vislumbrar a criatura num evento cultural da urbe ou arredores.
Habituado a planuras geográficas e a horizontes atlânticos, entra rapidamente num processo maniaco-depressivo; queixa-se de quase tudo porque sim, mas principalmente da ausência do movimento cosmopolita, do calor, do frio, e das ruas empinadas.
Aos poucos, torna-se num calimero insuportável.

Fagundes o esperançoso

1 comentário:

Anónimo disse...

necessario verificar:)