Ruínas do centro histórico

Há quem diga que os distúrbios em Atenas são a versão contemporânea do Maio de 68. A comparação ganha relevância, e é tanto mais significativa, se tivermos em conta que em 2008 os focos centrais da actualidade já não estão situados em Paris, Londres, Berlim ou Nova York. O atentado na Índia em 26 de Novembro, será sem dúvida um acontecimento de referência histórica; o mesmo vai acontecer com Atenas, desde 6 de Dezembro.

Não vou dizer nada de novo, mas o que agora acontece com esta rebelião estudantil ou juvenil, não é mais que a caixa de ressonância de um mal estar social profundo. A unanimidade dos protestos na Grécia, ainda que, aparentemente, pareça não existir uma relação directa de causa/efeito, reflecte um profundo desconcerto daquele país, mas também da Europa onde se inclui Portugal. A Europa burguesa, acomodada ao paradigma das classes médias, assiste incrédula a tudo isto, perante a pior crise económica do capitalismo moderno. Pelo meio do turbilhão foram apanhados os jovens sem emprego: aspirantes irremediáveis a uma proletarização anunciada, pois serão sempre eles a pagar as favas. Enquanto os sindicatos e os partidos vão assobiando para o lado. Portugal está, seguramente, em lista de espera.