sexta-feira, 6 de março de 2009

O sermão

Esta semana o clérigo Geraldes resolveu escrever um sermão sobre os/as covardes, no seu jornal católico/apostólico/romano NC. Entendeu fazê-lo do alto do seu púlpito, em tom inquisitorial, com acusações genéricas sobre os covardes e afins, que é sempre mais fácil e, seguramente, mais proveitoso para quem tem em vista atingir um determinado fim.
Na verdade, ignorava esse tema fracturante da Igreja: os covardes e as covardes. Temos então, uma oratória transformada em alimento espiritual pelo nosso clérigo, se calhar para vender aos crentes, quanto mais não seja, para os levar a ler mais vezes a Biblia, que é um exercício que se recomenda sempre, em tempo de crise e de covardia.
Bom, depois de ter percorrido a prosa, e tropeçado em evocações do Padre António Vieira e Almada Negreiros, como forma de legitimarem as afirmações que o clérigo ia produzindo, dou por mim no meio de uma campanha negra contra a imoralidade covarde, e pela salvação das almas. Tudo bem. Nesse exacto momento, lembro-me também de Antero de Quental, quando disse que o vírus que provocou a doença foi o cristianismo, que fez cair sobre o país uma sombra densa que se transformou no que podemos chamar de uma longa noite portuguesa. Outras estórias.
Eis-me então chegado à frase mais interessante e sumarenta desta missiva que reza assim:

“Os covardes (…) usam blogs cujos autores são desconhecidos (…) É gente séria esta?”

Ou seja, no mundo complexo e sério do clérigo Geraldes, as pessoas sentem-se perdidas e ofendidas, sem esse recurso sistemático à autoridade de autor, como se a ideia não valesse por si, e as pessoas só fossem capazes de a acolher, não pelo que ela vale em si mesma, mas quando imposta pelo recurso autoral. Pelo contrário, estou convencido, que os leitores podem ler os textos sem saberem quem são os seus autores, e nem por isso deixarão de lhes atribuir significado. Penso que o texto deve funcionar por si, sem necessidade de o nomear. Isso não impede que um leitor, qualquer leitor, possa construir um sentido ou concluir pela falta dele. De uma coisa tenho a certeza, o direito de propriedade sobre os posts que escrevo, aos poucos, deixam de pertencer-me, e passam para o lado de quem os lê. É uma velha questão da estética da recepção, que não vou aprofundar para não me desviar do assunto. Mas é claro que a covardia tem as costas largas, e o fito de tanta prosápia do clérigo Geraldes não era, seguramente esse.

Vamos então ao que interessa:
Os blogues continuam a ser, ao contrário dos pasquins paroquiais, os poucos espaços de livre opinião não controlada pelo poder autárquico. Como todos sabemos: a imprensa local é ainda hoje muito dependente da publicidade local e pública, o que limita, demasiadas vezes a sua independência política. Os blogues anónimos e não anónimos têm sido, em muitos lugares, um espaço raro de opinião livre. Esse é que o problema, e o clérigo Geraldes sabe isso; a nomenklatura local está pouco habituada à crítica e à denúncia. A aversão à crítica livre é, aliás, uma característica comum aos autarcas, mas principalmente à Igreja, historicamente intolerante com o diferente e o contraditório; era outra estória, mas não tenho tempo.
Certamente, o problema não está nos/nas covardes, o problema reside no senhor padre, que não se dá bem com a liberdade de expressão. É sabido que ainda perduram genes do Santo Oficio em alguns sectores da Igreja portuguesa, até porque, a censura ideológica e a perseguição religiosa, institucionalizada em força até ao século XIX, ajudou a criar esses tiques de exclusivismo e intolerância. Pois assim se fez o caminho para um longo período de igreja única e de partido único, que marcou três quartos do século XX. Mas os tempos hoje, são outros, mesmo que isso desgoste ao clérigo Geraldes.
Bom, a prosa já vai longa, vou mas é aspergir a cama com água benta e rezar as três avé-marias do costume, não vá o diabo tecê-las.

37 comentários:

Anónimo disse...

Pois...enfiaste a carapuça, assentou-te que nem uma luva!!!
Cobardes, disse ele.
Vermes anónimos, digo eu!!!
E essa de defenderes o anonimato na critica é de cobarde.
A "coragem" de um cobarde.
Chapeau, Dr José Geraldes.

Anónimo disse...

conclusão:
1ºO sr.prior lê atentamente MSR.
2ºComunga do espirito aventureiro e "esploratorio" do autor.
Será coincidencia? ou comunhão de alma e coração?
Será recomendavèl esta relação a um selibatario?
Revolta ou ansia no subsidiozito?
O que não ajudaria o NC o valor da avensazita?
Perguntas de um homem que assina, logo corajoso.

Anónimo disse...

Até me dá arrepios, de MEDO!
A sério, tenho medo dos intolerantes, dos senhores do dogma!

Mas, sempre quero acrescentar que a igreja, no inquisitorial tempo, incitava à covardia das denúncias anónimas!
O Senhor prior sabe disso, pois sabe?

Anónimo disse...

Admiro a coragem do serventuário covilhanense, que dá a cara sempre que vem aqui botar opinião no carpinteira.

Anónimo disse...

É claro que o director do NC, não é um cobarde, "dá a cara",
e mais, não liga importancia alguma ás modernas e sofisticadas tecnonologias.
Basta ver a actualização do site do NC.
E como bom classico que se assume, prefere assim, o NC e Covilhã, é que se afundam, até que a salvação chegue.

Anónimo disse...

Quem tem um blogue sabe bem que ás vezes tem saídas infelizes, o mesmo acontece nas televisões, nos jornais, enfim, na vida... Agora foi a vez deste Sr. Dr. Prior... Calha a vez a todos (a uns mais que a outros)mas as coisas têm a importância que as pessoas lhe dão e este Sr., tal como o NC e a igreja a mim não me diz nada, é como diz o ditado "vozes de burro não chegam ao céu". Será que isto foi uma vingança por um post aqui há tempos publicado pelo Máfia da Cova sobre o site do NC? Ai Sr. Prior a vingança é condenável!! Covardia? Digo-lhe mais, coragem era a igreja acabar com a ostentação e o falso moralismo e ajudar as pessoas em vez de apelar à solidariadade como tão bem sabe fazer e tão pouco aplicar...

Anónimo disse...

Depois de tanto paleio, ainda não entendi, qual é, então o problema dos autores deste ou outro blog não assumirem a sua identidade?
Expliquem-me como se eu fosse um ignorante.

Anónimo disse...

Sr. Carlos Rodrigues, por mim falo. Eu uso o Anonimato porque infelizmente sou assalariado e preciso desse salário para comer, como vivemos numa ditadura camuflada uso o Anonimato para poder expressar-me livremente seja a favor ou contra A ou B sem consequências laborais, porque resido numa cidade onde a vingança se serve logo a quente. Estes são os meus motivos, os outros que se acusem!

Anónimo disse...

Há uma grande frustração nesta gente dos blogs, por não conseguir escrever na imprensa local.
Os blogs regionais são, em geral, muito pobres no pensamento e quase todos com graves lacunas na escrita.
Tem razão o Dr. Geraldes na análise que faz sobre os covardes.

Anónimo disse...

Ó vera como tu escreves bem...
Como tu sabes que isto é uma questão de escrita...

Anónimo disse...

Vera,

Grande confusão vai nessa cabeça.
Mas já agora que aqui estás, explica lá a relação entre as lacunas da escrita a que aludes, e os "covardes" do Dr. geraldes

Anónimo disse...

A Vera Pinho deve ser uma iluminada! A vera Pinho há-de me dizer onde é que os pensamentos ou a escrita do Dr. são bons... Só se for nessa sua cabecinha imaculada

Anónimo disse...

Verinha deves estar enganada! Frustração há em quem escreve na imprensa local por não se poder expressar livremente

Anónimo disse...

Conversa da treta da pseudo intelectualice carpinteiral. Mas ainda ninguem conseguiu desmentir o assunto em discussão

Os blogs sem autor, são de facto covardes

ljma disse...

No que me diz respeito a Vera Pinho acertou, excepto talvez na parte da frustração. De facto, comecei o meu blog por causa de uma proposta de artigo que andou a engonhar meses a fio no Jornal do Fundão e que depois foi recusado (e o director tem toda a legitimidade para tal, não ponho isso em causa). Como não saiu no jornal, comecei o Cântaro Zangado.

Agora, passados três anos, já não há qualquer frustração. É-me muito mais prático o blog do que um jornal. escrevo quando quero e posso, sem prazos, sem stress, sem a angústia do autor e sem me sujeitar à aprovação incerta do director. Ainda por cima, posso corrigir as gralhas depois da publicação!

Por outro lado, não sei se chego a menos gente no blog do que num destes jornais regionais. É capaz de ser mais ou menos a mesma coisa, sei lá!

Mais de resto, anónimos ou não, o que conta para mim é o que se diz em primeiro lugar e como se diz em segundo. Quem o diz, é coisa que me é igual ao litro.

Carlos Rodrigues, como é que se consegue "desmentir o assunto em questão"? Se o Dr Padre José Geraldes entende que quem escreve anonimamente é cobarde, o que é que há a desmentir? Podemos apenas concordar ou discordar e explicar porquê. Tem aqui havido intervenções nos dois sentidos.


Saudações!
José Amoreira

Anónimo disse...

Acho graça á congregação de blogs na Covilhã, que vem sempre defender o anonimato indefensável, e que se vão organizando corporativamente on line, não é difícil identifica-los, “máfia da cova-grémio da estrela-carpinteira-cântaro zangado”
Todos sem excepção tem o mesmo fim: o ataque despudorado á autarquia e à imprensa local, mas depois dizem-se independentes, sem interesses e sem partidos. Como se alguém acreditasse na bondade das vossas intenções. Como se não houvesse por detrás uma intenção politica.

Anónimo disse...

Eu diria mais: não passam de uma congregação de armados ao pingarelho de saloice intelectualóide que se saissem do anonimato não resistiam a um atomo de discussão aberta e com rosto.
Recriam o que há de pior nas sociedades fascistas atirando a pedra e escondendo a mão. Chega-se ao desplante de vir aqui um manfio dizer que anda no anonimato porque pode perder o emprego. Quer-se melhor retrato de um cobarde com desculpas esfarrapadas?
Se calhar o que diz nem a ele o convence e então tem medo.
É esta a maralha dos blogs.
Uma manada irresponsável incapaz de ser gente com rosto e frontalidade.
Morrem como nascem...na insignificância civica.
O Dr Geraldes disse o que a Cidade pensa destes...covardes!!!
Mais ou menos pagos pelos partidos da oposição e sem tomates para dizerem com rosto o que dizem na covardia assumida.

Anónimo disse...

E que "dizes" tu F.Caldas? Que misérias pensas, meu caro, ao julgares os outros pelos tua bitola?

Anónimo disse...

Vera, gabo-te a inteligência!

Anónimo disse...

Vera,

Continuas com grande confusão nessa mona, e misturas congregações com intenções politicas, mais anonimatos. Enfim, uma amálgama de frases atiradas ao ar, sem qualquer substância. Mas já agora, vou perder um pouco de tempo contigo, para te dizer que, se nos leres com atenção, facilmente identificas os destinatários da nossa prosa, como sejam: a mentira, o oportunismo, a subserviência, o medo crónico, mas acima de tudo, o gigantesco desperdício dos dinheiros públicos, personificados no inner circle covilhanense, que passeia pela espuma dos dias, e pelo sucesso do pataco; cyborgs arregimentados, que permanecem e querem eternizar-se nos vários poderes. Se é isto que chamas intento politico. Pois seja.

Podes crer, que não é fácil recorrer à desconstrução do argumentário falacioso da Autoridade, tão do gosto dos papagaios e apaniguados íntimos da Administração, como deve ser o teu caso. Mas já nos habituámos a lidar com a tua espécie que pasta no seio do poder: os trolls, como é o caso deste caldas do tortosendo, mas a esse, nós desculpamos por manifesta insuficiência cognitiva, está tomado da cegueira habitual, invade amiúde a nossa caixa de comentários em recreação marginal e pouco inteligente; um tipo geneticamente idêntico ao chefe, e com duplicação da mesma voz.

A ti digo-te que nunca tivemos queda para missionários, por isso, não temos qualquer intento de te convencer sobre a bondade das nossas intenções. Se necessário for, até nos dispomos a pedir-te desculpa pela pouca inteligência que temos. Para os outros, aqueles que referes dos blogues, e que nos lêem com atenção, temos aprendido com eles, ao longo deste tempo, o que nos tem permitido, reconhecer erros e corrigir posições sempre que seja necessário.
Até já.

G* disse...

Desculpem qualquer coisinha...!
G*

Anónimo disse...

Como "não é fácil proceder à desconstrução do argumentário falaqcioso da Autoridade... como deve ser o teu caso"
O maniqueismo destes indigentes merece compaixão...
Como não é fácil estamos na clandestinidade!!!
Como não é fácil, quem não é por nós anda no circulo do poder...
Nem no anonimato ganhais no argumentário...
Com manéis tecelões a fazer de carpinteiros imagina-se a qualidade do tecido, está mais virada pró tipo, ripa de solho...

Anónimo disse...

Porra!!!Este tecelao é levado do catano!!!

Anónimo disse...

Continua a tecelagem!
Cá do anomimato, tiro-te o chapéu.
Não é fácil lidar com o clientelismo instalado, o servilismo, a pura mediocridade, que, ou mama da teta, ou já assim nasceu, para servir um qualquer ditador.
Algum corte há-de dar...

ljma disse...

Vera Pinho disse:
"Todos sem excepção tem o mesmo fim: o ataque despudorado á autarquia e à imprensa local, mas depois dizem-se independentes, sem interesses e sem partidos. Como se alguém acreditasse na bondade das vossas intenções. Como se não houvesse por detrás uma intenção politica.
Oh Vera, olhe que agora falhou redondamente, no que me diz respeito. Se reparar bem, a última vez que falei da CMC no Cântaro Zangado foi para a felicitar por ter arrancado e apoiado o processo de refundação das termas de Unhais, coisa difícil de entender se eu pretendesse apenas atacar a autarquia, como diz.

F. Caldas disse
"Mais ou menos pagos pelos partidos da oposição...

E que partido mais ou menos lhe paga a si, F. Caldas?

"O Dr Geraldes disse o que a Cidade pensa destes...covardes!!!"
A Cidade não pensa, F. Caldas. Pensam as pessoas que nela moram. E umas pensam assim, outras assado. Umas assinam o que escrevem as outras não. Algumas não assinam até o que escrevem apoiando o que o Dr. Geraldes agora disse. E são todas pessoas da Cidade. Maniqueísmo é pensar que da Cidade são os que estão com o Dr. Geraldes e covardes os que não estão.


É que vai por aqui uma discussão deveras interessante!... Com certeza por causa desta maralha dos blogs. A maralha que escreve e a maralha que comenta. Os anónimos e os outros.

Anónimo disse...

ljma,por mt interessante que seja a conversa, ela vai ficar aqui pelo mesmo grupo de sempre , como acontece no cantaro ou noutro blog qualquer. A blogoesfera está ainda longe de chegar à maioria das pessoas.

Anónimo disse...

O tecelão anda mesmo muito à frente, até já leu a "Espuma dos Dias" de Boris Vian.

Gosto bastante da forma condescendente como escreve para zurzir nos do contra, isto porque só os pobres de espírito e os não iluminados é que podem concordar com alguma coisa.

Em abono da verdade, temos que concordar que a piada está em ser do contra.

Anónimo disse...

Para que saibas, do Boris Vian, prefiro "As formigas"

Anónimo disse...

Como eu te conheço Tcl "sempre alerta" e "letrado" como um bom escriba.
Não esqueças de colocar os óculos de sol...

Anónimo disse...

Gabo este blog pela manha e pela capacidade que tem em empolgar alguns temas. Por exemplo, esta questão que não tem importancia e como dizem os politicos,vale o que vale,foi tratada pelo carpinteira como uma questão de interesse capital. Se eu tivesse uma empresa de publicidade contratava-vos.

Anónimo disse...

"empolgar alguns temas"...
Fiquei empolgado!
O provincianismo, a saloice destes comentários há altura dos intelectualóides mercenários autores dos posts pró-oposição do burgo são de "empolgar" um pau murcho...
Vir aqui dispensa a terapia pelo riso!!!
É só anedotas empolgantes!!!

Anónimo disse...

Mais alguma informação para a discussão! :)
http://pauloquerido.pt/2004/10/credibilidade_e_anonimato

Anónimo disse...

Ora Bem!
Não conheço O Padre Geraldes não perderia nenhum emprego se assinasse com o meu Nome. Contudo, estou a colocar um comentário como anónimo porque me assustam mais alguns comentários neste blog do que o texto original que suscitou este post.

Queria apenas dizer uma coisa:

"Só tem medo de denuncias anónimas os que estão habituados a usar dinâmicas de poder para calar descontentamentos e injustiças"

Eu aprecio todos aqueles que têm coragem e se expõem para denunciar situações menos "lisas" . Contudo a não denuncia é muito mais lesiva dos interesses dos cidadãos do que a denuncia anómica.


Cumprimentos,

Anónimo disse...

Pois.
Mais um cobardolas dinâmico e anónimo.
É disto que é feita a kórágem desta escumalha...

Anónimo disse...

O F Caldas.

Acaso já te apercebeste que chamar covardes a quem faz denuncias anónimas não é um acto de grande coragem! E como não serve nenhum porpósito, ao contrário de algumas denuncias anónimas, parece-me um acto de pura fanfarronice.

Anónimo disse...

Após ler tanta xaxada ainda não entendi: os que aqui aparecem não anónimos não são pseudónimos? Claro que sim. No interesse de qualquer que assista a estas interessantíssimas discussões anónimas, é bom saber que se lê o Manel ou o Caldas do Tortosendo, ou o Tecelão, porque assim fica mais fácil identificar qual o participante, não vos parece?

Anónimo disse...

Quem melhor para perorar sobre a cobardia que um cobarde. Quem melhor para falar sobre a moral que alguém expert na falta dela?
Este indivíduo, por coincidência medalhado pela câmara no dia da cidade, não dá aulas de jornalismo. É curioso saber que alguém tão submisso a ingerências deve ter andado a ensinar as boas práticas do jornalismo, a isenção, e quejandos.
Tenha vergonha na cara, caro diácono remédios! Pelo que se ouve pela cidade o senhor não é propriamente um exemplo de moralidade ou comportamento ético aceitável.
Eu voto nele para o prémio romão vieira.