Futuridades

Era suposto falar hoje sobre a alteração do código genético dos fungos, mas não me apetece.
Prefiro escrever acerca dos tecnocratas da futuridade; aqueles que chegaram à conclusão, e bem, de que a riqueza do condomínio covilhanense já não se baseia nas glórias passadas; na posse de uma cultura ancestral da lã e dos teares, à qual ninguém conseguiu dar continuidade, enquanto o fenómeno da globalização a foi agonizando aos poucos, e conduzindo para uma crescente fragilização da sua base económica e social. Certamente, porque os desafios serão outros; falta uma ampla e profunda revolução urbano/tecnológica para reverter o nosso destino de cidade pobre e marginal no contexto regional. Alguns especialistas, tutelares dos desígnios paroquiais no condomínio, dirão em jeito de arenga e fastio apologético, que o trilho do sucesso passa por um novo paradigma do conhecimento, competências qb e empreendedorismo, que traduzido à letra, deve significar, ou ter qualquer relação com os enfeites citadinos, mais as maravilhas mil d’uma putativa sociedade digital com chá & biscoitos.
Não se estranha, pois, que a Administração ande entretida há dez anos com o Silicon Valley do Tortosendo, onde tem instalado o seu condomínio high tech (Parkurbis), com meia dúzia de postos de trabalho e de utilidade improvável. Pura esterilidade. Espécie de vaidade para mostrar aos amigos, família & afins. O gentio já ficou enfastiado por tão elevado quanto repetitivo tributo tecnológico, e outras abundantes promessas regeneradoras do tecido empresarial covilhaneinse; como se tal capricho fizesse parte integrante d’uma estratégia de desenvolvimento para a sobrevivência do condominio. Tudo engenhosamente sublime, decadente, mas glorificante. Afinal, qualidades costumeiras de certa forma de exercício do poder, temperadas nas delicias da tinta sempre servil dos pasquins paroquiais.
deus nos valha.