quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Da trampa

Aristófanes em As Rãs refere os que observam o mundo através do olho do cu. Ora, este parece ser o olho clínico de muita gente. Mas não é sobre isso que me apetece falar hoje.

O momento pré eleitoral no condomínio não anda muito efusivo, mas traz-me quase sempre à memória, aquele genero de pessoas que adoram mentir. Quando se tem em conta os atributos do mentiroso para a falácia e para a megalomania, constata-se facilmente que, ao mentirem, há sempre alguém que os topa; apesar de construírem histórias grandiosas, com detalhes minuciosos e nomes pomposos, onde não faltam viagens ao estranho mundo dos gambuzinos.
Todas as tretas contribuem, d’uma forma ou d’outra para o engrandecimento da mentira, numa catadupa de oferendas aparentemente verdadeiras.Também é verdade que os basbaques aceitam a mentira, como quem aceita um presente de Natal igual ao do ano anterior; é-lhes completamente indiferente, porque no enunciar das palavras daquele que mente, há um estilo aparentemente sério, e ao espalhafatoso desempenho gestual vem quase sempre acoplada uma toada irónica, que apesar de iludir a verdade torna a mentira verdadeira. Isto é, há muita gente que mente num estado de consciência plena, e fazem-no quase sempre com os idiotas preferenciais; trata-se, no meu ponto de vista, de um caso patológico, pois mentir, faz parte de um dos seus mais acostumados jogos de palavras. Creio, no entanto, que o exercício da mentira não é para todos, será na melhor das hipóteses para muito poucos; pois enganar é um privilégio de quem possui apenas uma memória prodigiosa de engodos, porque de qualquer qualidade pode carecer o mentiroso, menos dessa capacidade de recordar o detalhe, dessa mentira que desejam passar para a história. Mentir não é sequer uma arte, nem engloba qualquer ciência. Será, seguramente, um vício. Ora, o engodo, não passa de uma manobra de diversão mental, que demonstra a capacidade de alguns indivíduos desconstruírem o mundo dos outros e, ao mesmo tempo, manterem viva a propagação de algumas ficções, sem isto, a realidade, per si, tornar-se-ia insuportável para esta gente.

3 comentários:

Anónimo disse...

Estás a lembrar-te de algum politico em especial?

Anónimo disse...

É de rir às gargalhadas com este texto, que tem todos os ingredientes que criticas nos outros.
Não recorras não ao SNSaúde que tens um triste fim.

moreira disse...

ri-te ri-te... que quando souberes que é pró c... até choras!
ihihihihihihihi