sábado, 23 de janeiro de 2010

Na Goldra o vazio

A Goldra ou Degoldra como lhe queiram chamar, é um daqueles locais, que aos poucos, se foi convertendo num autêntico vazio urbano. No festim inaugurativo, tudo indiciava que se poderia reencontrar ali, o espaço do imaginário, da surpresa, da expressão colectiva. Puro engano.
À medida que o tempo foi passando, o parque, em vez de dar lugar à fruição, transfigurou-se num ermo petrificado, inóspito, pois não conseguiu até hoje, cativar os indígenas, estando praticamente deserto durante grande parte do ano. Não existe, pois, qualquer estratégia que se centre na reconstrução do significado da Goldra, ou pelo menos, que leve as pessoas a frequentá-lo.
Há quem diga que uma das principais causas de alheamento dos gentios, está na insuficiência de arborização, que potencia situações de desconforto térmico em dias de calor. É de facto estranho que este seja dos poucos sítios que não foi alvo da tradição floral arbórea covilhaneinse, como são exemplos o pelourinho e a rua direita, onde não fazem falta nenhuma.
Mas o abandono a que está votada a Goldra, não terá só a ver com questões térmicas, pois continuam a existir obstáculos e barreiras arquitectónicas; carecendo de acessibilidades funcionais para pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, que nós já tínhamos apontado aqui aquando da inauguração.
Parece que a administração do condomínio tarda em perceber que este espaço deve ser visto como algo que só faz sentido a partir do uso que os indigenas possam fazer dele. Mas persistem nesta predilecção pelo cinzentismo, e em favor de modelos que ignoram ou desdenham o que é característico da Covilhã. Ou seja, em vez dos espaços de lazer assumirem um papel estruturador, unificador, subjugam-nos a critérios abstractos e descontextualizados, passando a valorizar e a concentrar atenções no vazio. Foi nisto que se transformou o parque Goldra: um imenso vazio. Mas um exemplo para retirar ensinamentos a quem planeia o espaço público na Covilhã.

10 comentários:

Anónimo disse...

Não acho que o parque da Goldra esteja assim tão abandonado. Passeio por lá muitas vezes e encontro sempre gente.
Mas, enfim são opiniões

Anónimo disse...

O que entende por "encontro sempre gente"?
Pelo menos é diferente do ENCONTRO SEMPRE MUITA GENTE como deveria ser num local daqueles.
Efectivamente até mete medo tanta solidão a quem para ali vai.

Anónimo disse...

Mete medo?
Compra um cão. Um rothweiller.
Quem te mordesse a pata, ainda morria envenenado.
Que vazio este blog.

Anónimo disse...

mas só interessa ver muita gente? e o resto do trabalho que se fez? a despoluição da Ribeira, a limpeza do espaço, os cursos de água limpa, etc.... Então isso não conta? Pelo menos agora ainda lá vai alguém e antes quem é que entrava naquele imenso monte de lixeira? OCUPEM O PENSAMENTO COM OUTRAS COISAS! Vão para a Goldra fazer desporto: faz bem à mente!

carpinteira disse...

anonimo das 20'21,

Ninguem põem o causa o trabalho de remoção de lixo e da limpeza da ribeira. O post fala sobre a falta de adesão dos covilhanenses a um lugar que se tornou pouco atractivo pelas razoes apontadas no texto.

Pouco atractivo porquê?

Porque não existe uma estratégia para o dinamizar. É simples, e não exige um cortex muito elaborado para o entender. O resto de que falas é conversa fiada.

Daniel disse...

Isto da falta de acessibilidade é um facto lamentável.

Sou da Guarda e lá existe o Parque urbano do rio diz que nada tem a ver com este. Dá para passear por todp lado com cadeira de rodas, carrinhos de bebes,...
Aqui neste é só gravilha, escadas e obstáculos que deveriam ter sido evitados com uma visão diferente do espaço e do prognóstico de utilização do espaço.

Anónimo disse...

Pois,mas os prognósticos aqui na Covilhã, só no fim.
eheheheheheh!

Anónimo disse...

O espaço, é um bom espaço como diria o Diacono Remedios, o no entanto e não tirando o merito da despoluição da ribeira e o fim da lixeira a céu aberto haverá melhorias a introduzir que certamente os responsaveis estaram atentos, o caso do sombreamento é notório e valeria a pena melhora-la e tb as acessibilidades nomeadamente a gravilha que dificulta o andar de todos deficientes e os outros de resto é um espaço que só nos dignifica, saibamos nós cidadãos zelar por eles pois certamente haverá quem rapidamente o destrua.

E disse...

Tomei a liberdade de citar o este seu excelente post.

Anónimo disse...

ok apresente lá a sua proposta de melhor dinamização, vá lá apresente, vamos ora diga lá! De certeza que não vai lá no Verão de Manhã, sobretudo aos fins de semana, pois deve estar a ressacar da noite......