quarta-feira, 31 de março de 2010

Outras dividas

A divida grega e os distúrbios a ela associados podem originar a versão contemporânea do Maio de 68. A comparação ganha relevância, e é tanto mais significativa, se tivermos em conta que em 2010, os focos centrais da actualidade já não estão situados em Paris, Londres, Berlim ou Nova York. O que agora acontece com o protesto massificado dos trabalhadores e estudantes gregos, não é mais que a caixa de ressonância de um mal-estar social profundo. A unanimidade dos protestos na Grécia, ainda que, aparentemente, pareça não existir uma relação directa de causa/efeito, reflecte um profundo desconcerto daquele país, mas também da Europa onde se inclui Portugal e restantes PIIGS. A Europa neocon, acomodada ao paradigma das classes médias, assiste incrédula a tudo isto, perante a pior crise económica do capitalismo moderno. Pelo meio do turbilhão foram apanhados os jovens sem emprego: aspirantes irremediáveis a uma proletarização anunciada, pois serão sempre eles a pagar as favas. Enquanto os sindicatos e os partidos vão assobiando para o lado. Portugal está, seguramente, em lista de espera.

Sem comentários: