domingo, 11 de abril de 2010

Preocupações sociais d'um bispo

Leio com espanto as oportunas palavras do sô bispo da Guarda, a propósito de questões que devem ter alguma coisa a ver com a "doutrina social da Igreja contemporânea". Digo eu.
Ora, não sendo eu católico, nem crente em divindade de espécie alguma, sou, obviamente, a favor da destituição política da fé e da revelação, que qualquer noção de democracia deve exigir. Posto isto, e para que não me acusem de anti clericalismo básico ou moralismo selectivo, garanto, que li as palavras do sô prelado, não como um tique de retórica pardacenta, mas como um toque rectal para iludir a Verdade que nos afronta hoje em dia. Não me passa, pois, pela cabeça cobrar moral a uma instituição religiosa como o “bispado da Guarda”. Longe disso. Até porque, dada a sua natureza antropológica, a igreja também é feita de homens e bispos sensíveis e não de pedras ou de uma cultura que existe em abstracto. Quero dizer com isto, que as zelosas e apreensivas preocupações do sô bispo da Guarda com o aumento de fenómenos como a corrupção e a injusta redistribuição da riqueza em Portugal, fazem-me algumas cócegas na pituitária, precisamente nesta altura em que a Igreja carrega tão nefanda crucis. Tais sentimentos clericais cheiram a slogan de sindicalista da CGTP: essa gente malvada com uma visão materialista do mundo, que nos afasta inexoravelmente do nosso fim último – deus. Pena que o sô bispo, assobie para os céus, qual prática sistemática de ocultação do pecado. Fica-lhe bem, deixar esquecidas no segredo do limbo, todas as crianças violadas pela pedofilia sacerdotal. Ámen.

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