minareites e caravelas

Sendo eu um leigo na arte de bem projectar, não posso, contudo, deixar de fazer menção a esta coisa, projectada inicialmente com minarete (108 metros de altura que não saiu do papel) para uma certa "Igreja caravela" no alto do Restelo em Lisboa. A obra d’um tal de Troufa continua a provocar grande alarido aqui na capital tuga. Este homem, só pode ser um ateu agressivo e inconformado. Nem Saramago se atreveria a ir tão longe e a fazer tanto mal à igreja católica com o seu Caim e o Evangelho. O sô arquitecto não percebeu que um templo de deus deve ser um local sério, um projecto puro, evocador de espiritualidade e não de sensualidade balofa tipo bolo de aniversário ou o equivalente a aparecer vestido de Lady Gaga num funeral. Digo eu, que sou um leigo em caravelas Em vez de tanta profusão de signos e das alusões mitológicas em barroquismo kitsch, poderia o arrojado Troufa seguir a ditadura dos sacrossantos triângulos brancos, como na igreja da estação covilhaneinse, (mailinda!) onde reina a mais elementar sobriedade, pois aqui não se discutiram regras que potenciassem o dislate construtivo. Não senhor, aqui, as alminhas basbaques opinantes, não opinam rien. Nisto, como em qualquer assunto a carneirada covilhaneinse quer-se mansa. No condomínio os gostos não se discutem; a intervenção no espaço público está sempre sujeita à subjectividade total do seu criador: o sô administrador do condominio, figura tutelar do bom gosto e esteta de sentido único/indiscutível. É ele quem impõe a estetica ao mais desenfreado pos-modernismo masturbatório com umas pontes sexy/pedonais e outras tretas elevatórias que não servem para nada. De resto, e para não fugir ao tema que hoje me trouxe aqui, o único minarete consentido e que se preze na Covilhã é a torre de Sto. António. Que deus a proteija.