quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Capital do património cultural

Enquanto cá pelo burgo, o exercício da cidadania se vai consumindo no outonal tempo presente, e a oposição agoniza de vez, o anúncio de tão grandiosa empresa, faz sorrir o gentio e ao mesmo tempo embevece qualquer bacorinho, frente à quixotesca apologia do património da cidade-fábrica.
Fiquei babada por tão meritória e costumeira acção de propaganda em prol do património colectivo. Achei o máximo, esta ideia de elevar a Covilhã à categoria de capital da cultura patrimonial.

Que bonito seria, ver o turista acidental, desesperado, à procura da incomensurável beleza patrimonial da Covilhã. Basta imaginar o cromo a captar na objectiva elementos estéticos redentores no prédio de Santo Antonio, ou mesmo, a decadência sublime do centro histórico, na sua pobreza e miséria humana. Lindo.

Que melhor se poderia oferecer a um nativo culto, que não fosse a expressão de uma profunda falência do modelo urbano dos galinheiros da ANIL, onde o indígena se instala a troco de uma modernidade balofa.
E que importa se um em cada cinco prédios no centro da cidade está desocupado, e a maioria devolutos, ou em estado avançado de ruínas. Seja lá o que for. Sim, que importa tudo isso perante a memória, e a história que temos para contar.


Sempre grata

Ermengarda

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