terça-feira, 25 de março de 2008

Mimados

Há quem diga que a casa é basilar em relação aos nossos principais compromissos. Salvo casos raros, em determinados estratos sociais, a sociedade neo liberal, facilitista e descartável, vai aos poucos, reduzindo os incentivos ao abandono da casa paterna, até porque ela fornece conforto e privacidade q.b. a todos os que dela queiram usufruir. Também oferece gratuitamente: electricidade, água, gás, frigorífico e despensa recheados, serviços domésticos, refeições prontas a horas ou prontas a esperar pela hora mais conveniente, sem que os cromos mimados, tenham que dispersar a mente com pormenores supérfluos que, eventualmente, prejudicaria as elevadas doses de concentração necessárias para o estudo ou para a vida profissional, com todos os afagos para o ego daí resultantes.
Tendo em conta a crescente liberalização de costumes, não há agora qualquer impedimento às saídas: noitadas, fins-de-semana, férias com destinos de luxo, que se podem permitir, apesar da existência de rendimentos ou não, porque estas mordomias, encontram-se asseguradas naturalmente por outrém.
Num tal cenário, são mínimas as possibilidades de desavenças e discussões, mas com egos transbordantes nunca se sabe - se for caso disso, vai cada um para seu lado, sem ter de aguentar o incómodo de reflectir, pedir perdão e/ou perdoar, porque certos aspectos mais pragmáticos da vida em comum raras vezes se compadecem com estados de alma.
Ora, sem outros ideais para além do prazer imediato que as coisas e/ou as pessoas lhe podem proporcionar, porque é que os mimados vão querer sair de casa? Quem está mal é que se muda.

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