A linha de caminho de ferro que liga a Covilhã à Guarda foi uma importante obra de engenharia que caracterizou o início do século XX. Digo eu que não percebo nada de comboios. Sendo certo que serviu o transporte ferroviário entre Covilhã e Guarda durante quase um século. Mas desde há muito tempo que se encontra em estado de grande degradação estrutural. Dizem os entendidos em creolina, que a automotora que liga as duas cidades, anda quase sempre vazia, consumindo 100 litros de gasóleo (ida/volta): um autêntico desperdício. Por outro lado, deixar avançar a sua decadência representa um atentado contra a memória colectiva das populações.
Por isso, a REFER resolveu, 50 ou 60 anos depois, arrancar com as obras de beneficiação e modernização até à Guarda, que só deverão ficar prontas, na melhor das hipóteses, lá pró final do segundo semestre de 2012-13-14, que é outro desperdício de um recurso, que podia desempenhar um papel bem mais interessante do ponto de vista do seu aproveitamento como equipamento de lazer e turismo. Se calhar, um Comboio Turístico e Histórico, ou em alternativa: transformar a coisa numa pista ciclo-pedonal, como fez o sô presidente Ruas na cidade de Viseu, onde nasceu Viriato e D.Afonso Henriques.
Depois digam que o Carpinteira não tem ideias, e que só diz mal do condomínio.
11 comentários:
A questão não é apenas de memória.
A linha entre castelo branco e guarda é (pode ser) um pilar estruturante na definição, através da ligação, de um eixo urbano entre cidades que em conjunto formam apenas uma.
Assim os políticos locais queiram e os nacionais acreditem e apoiem. Neste momento de definição do que é investimento público de proximidade, este será um bom exemplo enquadrável nos conceitos aceites pelo governo e oposição.
Vamos...juntem-se em dia de visita da manuela e apresentem ao socrates, objectivamente a pretensão da região.
Assim se construirá região.
covilhã.consciente,
Longe de mim contrariar-te,até porque, entenderás mais de comboios que eu.
Porém,não consigo compreender como é que uma linha, onde passa uma automotora vazia, pode ser um pilar estruturante para a região. Mas prontos.
Quanto aos investimentos de proximidade, creio que um comboio turistico com aproveitamento de rotas históricas não seria de descurar. Digo eu.
Comboios, para quê, se o covilhoco, noutro estádio civilizacional, apenas sonha com aeroportos? Mesmo sem um passeio decente à porta, adora fazer de rico. E arranja sempre vendedores de banha da cobra à altura. Quando não, inventa-os. Agora, comboios? Que é isso Carpinteira, comparado com as supersónicas autoestradas para o futuro, as circulares quadruplas aos resorts de lixo, a quadrática avenida do aeródromo, a triádica ponte pedonal, a aldeia de montanha erigida em parceria cinergética com as bestas mais quadradas, os funiculares a meia ladeira... sofrível, "como se faz por essa Europa fora"?
Grémio*
Aproveitar a oportunidade do teu post, não é minha intenção discutir o comboio ou a automotora solitária.
Aquilo que acho interessante discutir, acrescentando como dizes, á memória do comboio, apesar de grata a todos nós, é a razão que justifica reivindicar a modernização da linha e especialmente a sua utilização.
As regiões criam-se em torno de diversas razões, que poderiam ser de ordem económica cultural, social etc etc etc.
Convêm não esquecer que esta comunhão de interesses se sustenta de comunicação e circulação intra região, apesar de quase sempre se preferir as acessibilidades para lá da região.
Dois exemplos:
A Europa apoia o TGV na ligação entre capitais europeias, tal como apoia as ligações rodoviárias, enquanto meio de consolidação e coesão da grande região Europa.
A ligação do comboio de Lisboa a Sintra ou Cascais, assegura a ligação das pessoas de uma grande região, cuja saturação da rodovia garante trajectos seguros.
È nesta medida que entendo interessante discutir o sim ou não á linha.
Enquanto meio seguro e de velocidade constante programada que o comboio oferece ao cidadão, é importante perceber se se lhe reconhece esta importância no caso da Beira Interior.
Ou seja, se estudar ou trabalhar na Covilhã permite residir em Castelo Branco ou na Guarda, de modo a valorizar ou reforçar o sentido de região.
Por acreditar neste conceito de região, associado ao uso e á comunicação interna, entendo que reflectir a linha para a Guarda, apenas como uso turístico, apesar de interessante, considero pouco.
Para terminar, é preciso não esquecer que muitos dos que hoje fazem região nos centros urbanos desta região, no passado estudaram, deslocando-se no comboio, pergunto: não teria sido mais região do que é hoje?
PS: è muito interessante dar a conhecer o estilo de muitas das nossas conversas, quantas vezes discordantes, que pelo seu interesse vão dando origem a post’s e debate no carpinteira. Concordar não é uma obrigação, será sempre uma consequência do debate, concertação e complementariedade de ideias.
Em primeiro lugar, e sem me pretender alongar muito em considerações temporais, é preciso ter em conta que a construção desta linha, assumiu uma preponderância específica, num determinado tempo da sua história, para além do transporte de mercadorias e de pessoas, pretendia também, acelerar o progresso do interior do país através das comunicações para a Europa, coisa que nunca se veio a concretizar pelas razões que todos conhecem.
Tudo isto, numa altura em que esta linha potenciava o tráfego local, “inter urbano” e de relações dinamizadoras e estreitamento entre localidades que, devido à falta de meios de transporte alternativos, recorriam ao comboio. Mas isto já foi. Hoje, o transporte ferroviário nesta linha, dispõe de características específicas completamente diferentes, que deviam ser aproveitadas pelo facto de proporcionar um trajecto de grande beleza paisagística e histórica e cultural.
Bom, dito isto ;a questão que coloco hoje, é se o investimento que agora vai ser feito pela REFER, (depois de décadas de abandono da linha para a Guarda e das populações por ela servidas), valerá a pena; numa altura em que, as duas localidades, tem ligações rodoviárias a distarem 20 minutos?
Dizes que devemos reflectir a linha “Enquanto meio seguro e de velocidade constante programada que o comboio oferece ao cidadão”.
Vais-me desculpar, mas essa parece-me uma questão irrelevante. Creio que, neste momento, a segurança ou a velocidade constante, numa linha onde já quase não existem pessoas, não tem qualquer importância para a mobilidade das populações entre a Covilhã/Guarda.
Por outro lado, os exemplos que apontas, dizem respeito a localidades com uma densidade populacional, que não me parecem comparáveis com as da beira interior. Lembra-te que os fluxos de pessoas entre essas localidades são incomensuravelmente maiores do que aqueles que se verificam entre a Covilhã/Guarda. E onde as pessoas só utlizam o transporte ferroviário porque os locais por onde se deslocam diariamente, há muito que se encontram congestionados por fluxos de trânsito automóvel.
Mas isto sou eu a dizer.
Parece-nos que uma das razões para o abandono deste meio de transporte no itinerário referido é a incomunicabilidade entre as linhas da Beira Baixa e da Beira Alta.
Depois, a incúria da CP é o que se sabe. A sua fragmentação em inúmeras EPs ainda piorou o serviço. Veja-se a decrepitude e desconforto das estações e do material circulante, desajustados a viagens de longo curso.
O turismo nunca será tábua de salvação, mesmo se nas autarquias e nos organismos públicos houvesse inteligência e estratégia que cuidasse primeiro da melhoria das condições de vida dos habitantes da região.
É uma impostura promover o que não há. Veja-se a parvoíce da campanha Covilhã 5 Estrelas, etc.
Nas actuais circunstâncias, o tráfego do ramal Covilhã-Guarda pouco justifica, a não ser a iluminação das pontes...
A ideia do eixo A23 requeria discussão, mas hoje não temos tempo.
André. Se a linha não serve para aproveitamento turistico e ainda por cima, não serve as populaçoes, então o melhor mesmo é exterminá-la?!
Andre carrilho,
Essa é a questão que se deveria debater:
Existe realmente um eixo urbano na A23 (c.branco-guarda)???
E dizes bem carpinteira!!.
A diferença dos nossos discursos, tem haver com uma atitude perspectiva ou prospectiva.
Eu não quero acreditar que o comboio é passado, acredito que aproveitando o passado se poderá fazer futuro.
Basta ver a importância que o ambiente assumirá cada vez mais. Repara que o comboio é o transporte mais amigo do ambiente.
Não tenho a certeza de que somos tão poucos, basta ver a corrida ao autocarro, sempre lotados com desdobramentos constantes.
O que falta? Muito.
Ajustamento de horários, conforto, qualidade, preço, aproximação das estações aos núcleos habitacionais, enfim muitas coisas…e especialmente retomar a importância da ferrovia, como dizes e bem, abandonada há muito.
Que pena o Carpinteira nunca ter disfrutado duma ida e volta de automotora à Guarda. Quanto a mim, uma simples maravilha! Pena se acabasse como certa linha do Tua...
Pseudonimo,
Eu não disse que a linha devia acabar.Pelo contrário, acho que deve ser preservada, mas com outras funcionalidades, como acabei de mencionar nos comentários anteriores.
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