Estes grunhos italianos não tem memória
Mas cromos como estes, temo-los para troca em algumas autarquias portuguesas, com a agravante de serem tão ignorantes que não sabem que são estrutural e ideologicamente fascistas. Pois é.
Estes grunhos italianos não tem memória
Mas cromos como estes, temo-los para troca em algumas autarquias portuguesas, com a agravante de serem tão ignorantes que não sabem que são estrutural e ideologicamente fascistas. Pois é.
"A palavra, como tu dizias, chega húmida dos bosques: temos de semeá-la;
chega húmida da terra: temos que defendê-la;
chega com as andorinhas que a beberam sílaba a sílaba na tua boca"
[Eugénio de Andrade]
Se calhar a ideia de acabar com o Pelourinho, teve alguma generosidade, e talvez sobre ela se tenha escudado a intenção de dar a cidade a fruir aos seus cidadãos, como quem diz, dar lugar aos peões, mas o vazio em que aquilo se transformou, faz doer a alma ao mais distraído dos covilhanenses.
O Pelourinho converteu-se numa praça niilista, pela ausência de tudo e mais alguma coisa; porque quase já não tem cafés, não tem lojas abertas, não tem equipamentos culturais, porque continua a ser cada vez mais um lugar de passagem, e cada vez menos um local de passeio habitual dos covilhanenses. e, finalmente, porque alguém se encarregou ao longo do tempo, de por em prática um plano que conduziu ao extermínio do espaço público no centro da cidade. Se não for possível devolver ao Pelourinho a vida que lhe tiraram, ao menos dêem-lhe alguma dignidade.
Nunca tão poucos fizeram tanta ruína em tão poucos anos... sozinhos
Hoje dia 23 de Abril comemora-se o Dia Mundial do Livro. Quase nos esquecíamos. Deixamos um excerto d'um poema de Eugénio de Andrade, que pode ficar já de reserva para o dia da Mãe.
Poema à Mãe
"Se soubesses como ainda amo as rosas, talvez não enchesses as horas de pesadelos. Mas tu esqueceste muita coisa; esqueceste que as minhas pernas cresceram, que todo o meu corpo cresceu, e até o meu coração ficou enorme, mãe! Olha - queres ouvir-me? - às vezes ainda sou o menino que adormeceu nos teus olhos; ainda aperto contra o coração rosas tão brancas como as que tens na moldura; ainda oiço a tua voz: Era uma vez uma princesa no meio de um laranjal...Mas - tu sabes - a noite é enorme, e todo o meu corpo cresceu. Eu saí da moldura, dei às aves os meus olhos a beber. Não me esqueci de nada, mãe. Guardo a tua voz dentro de mim. E deixo-te as rosas. Boa noite. Eu vou com as aves."
Covilhã 2014,
Rua Capitão João de Almeida
Um Vidrão foi removido desta rua pelas AdC, no seu prestimoso serviço público à populaça. Pois fiquem sabendo, senhores, que na falta dele, o indígena passou a depositar o vidro e quejandos, aqui dentro desta pérola quadriculada do infalível património covilhanense. Qualquer espreitadela para o seu interior pode entrever o pasto de animaizinhos de estimação, e o desabrochar espontâneo da vegetação. A natureza e o desleixo fazem coisas admiráveis.
O contentor do lixo é apenas um elemento decorativo. Levem-no também como levaram o Vidrão.
Há 30 anos que esta mulher tenta perder a gordura acumulada na barriga, resultante da posição a que tem sido sujeita, e da vida sedentária que tem levado. Faz parte daquele grupo de portuguesas em dieta permanente; já recorreu a massagens manuais com envolvimento de algas, bandas frias, à endermologia e recentemente à mesoterapia, tudo isto acompanhado por zelosos cuidados alimentares, ginástica vaginal e cremes adelgaçantes. Foi vista pela última vez no complexo desportivo, completamente doida às voltas na pista de Tartan. Depois disso recorreu à Depuralina, suplemento alimentar, que lhe desarranjava os intestinos, borrava a pintura e o sofá. Caiu vezes sem conta da parede onde estava pendurada, até que finalmente conseguiu o apoio merecido. Emagrecer dá um trabalhão do caraças.
Hoje não vamos discorrer com recurso ao acinte que nos é próprio, e que por vezes nos inviesa a prosa. Não senhor.
Só aqui viemos, porque achamos piada à contemporânea e repentina obsessão pelas excursões ao património do condomínio. Parece que o prodigioso departamento cultural da Câmara da Covilhã, está de volta, depois de ter andado uns anitos extraviado. Cumpre agora a bizarra missão com expedientes curiosos para excursionistas, próprio de gentes inovadoras e criativas. Este espantoso desvario festivo, torna a coisa mais edificante, e estampa bem a miséria do “mainstream” paroquiano. É um fartote.
A publicação neste blogue de um determinado texto/imagem ainda não especificado, motivou uma queixa por parte de desconhecidos, razão pela qual, não nos é permitido publicar o que quer que seja, enquanto decorrerem as averiguações.
Há 9 meses que andamos a fecundar este espaço com inanidades, numa prosa com a seriedade qb de quem pensa umas merdas, mas não tem jeito para escrevê-las. Até agora sentimos que não gerámos nada de novo na blogosfera da Covilhã; também não fazemos a mais pequena ideia de quem ou quantos nos visitam. Contudo, aperfeiçoamos ao longo deste tempo uma completa ausência de espírito competitivo e uma canseira permanente. Foi sempre com grande prazer que confrontámos as zonas de influência paroquiana. Nunca tivemos o sonho de nos tornarmos conhecidos, escrever em pasquins, ou sabujar à mesa com comensais da polis.
Já quanto a um bom queijinho da serra, não dizemos nada. Até já.