Na costumeira croniqueta do JF,
MSR o ficcionista erótico, deambula pelas artérias da urbe, qual Cesário Verde, num exercicio contemplativo de levar qualquer incauto às lágrimas. A pena escorregadia do escriba, espraia-se numa interessante especulação romântica, direccionada, sobretudo, para a arte de passear no condomínio e para a estética pós moderna
covilhaneinse. É o destino senhores.
Não há prosa de MSR, onde não se descubra o seu esforço para lavar a imagem decadente do condomínio e respectivo Administrador, sempre transfigurados pela retórica salvífica e paradisíaca. Ou não fosse sobejamente conhecida a apetência do avençado para a pulsão bajuladora. De tal forma que, onde o transeunte ocasional vê um local
kitsch, o autor de
“Os três seios de novelia”, descobre numa espécie de arroto semântico, a elegância pueril no
Rossio do Rato, qual Éden: lugar encantatório perdido na mais fina e tradicional azulejaria doméstica, onde apenas falta o
urinol de Duchamps. Um sonho.
Lá vai ele, percorrendo a cenografia refrescante e envolvente da
Goldra, apontando os detalhes épicos desse inolvidável espectáculo paisagístico que deslumbra pelo vazio.
È bonito e quase nos comove. Mas é também a confirmação da sua prodigiosa "
langue de bois" em versão nocturna. O picaresco observador não poderia estar melhor neste passeio, desinteressado, em prol da urbanidade politicamente correcta, essa
"putain respectueuse", como diria
Sartre.Assim de repente, (embora isto nada tenha a ver com o que acabo de escrever), chegou-me à memória
Alçada Baptista, que apesar de em determinado momento, a chama se ter apagado, o vento mudado e os amigos eclipsado, manteve uma independência pessoal, digna de realce na tuga pátria de cobardias, pedinchices e conveniências.